Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Sevilha

foto retirada de desporto.sapo.pt

Vencemos, mas não soube a vitória. Soube a falhanço, por muito que o resultado traga uma agridoce satisfação de não termos sofrido golos, que nem estiveram sequer perto de acontecer. Mas soube a falhanço porque depois de uma primeira parte com muita bola e um golo veio um segundo tempo onde se notaram tantos dos problemas que têm vindo a marcar esta temporada, especialmente estes últimos jogos. Faltaram pernas e seguiu-se a falta de cabeça…ou terá sido ao contrário? Não sei, sinceramente, mas acredito que as duas ausências deixaram uma tremenda incapacidade de furar contra um adversário que nos é inferior mas que conseguiu um resultado simpático à custa das nossas lacunas, físicas, tácticas e especialmente mentais. Um desperdício, foi o que foi. Vamos a notas:

(+) Defour, enquanto teve pilhas. Correr por dois cansa a dobrar, ao que parece. Foi isso que Defour fez hoje, ajudando Fernando atrás mas cobrindo o terreno que Carlos Eduardo deveria percorrer, o espaço que o brasileiro nunca ocupou foi o belga que tratou de encher. E ainda teve tempo para ser dos primeiros a pressionar os centrais e Beto, sempre em esforço mas a empurrar a equipa para a frente. Excelente remate ao poste…mais um…

(+) Reyes e Mangala. Apesar do francês ter feito uma daquelas palermices que por vezes se lembra de fazer, tentando sair com a bola controlada de uma zona impossível, ambos estiveram bem. Bacca quase não cheirou a bola e o mexicano esteve muito bem na cobertura e no posicionamento, com noção perfeita de onde estava o seu colega, ajudando a cobrir bem as subidas de Danilo e incentivando a equipa nas bolas paradas. Mangala, pelo golo e pela forma como conseguiu impôr o físico e desequilibrar no meio-campo, foi importante especialmente na primeira parte.

(-) Quaresma. Teve dois lances estupendos, um remate de primeira depois de um balão que lhe foi enviado do lado esquerdo e que deixou Beto com as mãos a arder; outro, no final do jogo, depois de (mais) um livre por si cobrado, onde aproveitou o ressalto para atirar outra bola ao poste. Mas é no resto do tempo de jogo que Quaresma não conseguiu brilhar, em grande parte por culpa própria. É verdade que somos parciais na tolerância que damos a Quaresma (quando digo “nós” refiro-me aos adeptos de estádio) mas nunca se sabe quando é que vai sair um lance genial que nos faz esquecer o resto dos minutos passados com a bola tempo demais perto dos pés, as inúmeras fintas inconsequentes e as perdas de bola quando pode passar a bola para o colega do lado mas insiste em tentar fazer tudo sozinho. Quando Quaresma está numa noite destas, em que pensa demasiado nele e menos na equipa, todos perdem, a começar por ele.

(-) Carlos Eduardo. Fez seis jogos a titular com Luís Castro, foi substituído em cinco deles, sempre por volta dos 60 minutos e sempre por sub-rendimento. E continuo a não perceber como é que um homem que joga numa posição criativa consegue passar tanto tempo alheado do jogo, sem se desmarcar para ganhar posição ou criar linhas de passe para conseguir receber a bola. Foge do jogo, esconde-se no meio dos médios adversários e quando recebe a bola raramente passa mais de dois segundos com ela nos pés, passando de imediato e fugindo outra vez para uma zona onde não a pode receber. Actualmente temos um jogador a menos em campo quando Carlos Eduardo lá está.

(-) Façam treinos técnicos, por favor. Não consigo ser mais directo que isto: este é o pior FC Porto em nível técnico dos últimos dez anos. Lula, Jankauskas, Tomás Costa e Mariano González envergonhariam alguns dos executantes do nosso plantel actual a nível do passe ou do cruzamento. É altura de alguém conseguir explicar aqueles rapazes que se aprende toda a vida e que é inadmissível falhar tantos passes e cruzar tantas vezes para a bancada ou directamente para o primeiro cornaduro que aparece na frente.

(-) A expulsão de Fernando. Ao ritmo de uma mãe com o filho dobrado nas pernas, de rabo espetado para cima: “Não. Podes. Reclamar. Com. Os. Árbitros. Dessa. Maneira!”.

(-) E com as pernas foi a cabeça. O Sevilha é uma equipa banal. There, I said it. Qualquer equipa que tenha o Daniel Carriço como titular não nos pode meter medo, por isso fiquei tão desiludido quando vi que no início da segunda parte, quando pensei que o Sevilha viria com alguma força durante dez minutos para tentar marcar um golo e recuaria depois de acalmarmos o jogo e retomarmos o domínio da partida, o FC Porto entregou a bola voluntariamente aos moços. Numa altura em que era preciso pernas, não houve. E a cabeça foi atrás das gâmbias, porque já começava a ser complicado para Danilo e Alex Sandro aguentar constantes subidas pelos flancos (e descansar um deles? ou os dois? isso é que era!) e para Quaresma e Varela ajudar a defender as laterais. O meio-campo então desfez-se com a saída de Defour, porque Quintero entrou perdido e Herrera medroso. Foi penoso ver a equipa no final do jogo, sem força nem alma, exaustos depois de um jogo que não foi tão exigente como tantos outros que já disputámos…


Não foi um 1-0 como o resultado que conseguimos frente ao Nápoles aqui há umas semanas. Será suficiente? Vamos à Andaluzia sem Fernando e sem Jackson…com Defour a trinco e Ghilas na frente, talvez? Não faço ideia. Só sei que no Domingo prefiro ver meia equipa B no Dragão para ver se alguns rapazes descansam as pernas e a cabeça…

25 comentários

  1. Só me vou referir ao Ultimo ponto…

    Minha equipa para Domingo:
    Fabiano
    Quino – Aboulaye/ Mangala – Reyes – Ricardo
    Fernando – Herrera – Quintero / Toze
    Kelvin – Jackson – Licá/Quaresma

    Suplentes: Tozé, Ivo/Kayembe, Gonçalo Paciência e o resto

    Se fugir muito disso, estamos a hipotecar as nossas hipoteses em Sevilha, especialmente se jogar seja Danilo, Alex Sandro e Varela. Esses 3 estão mais expremidos que sei lá!

  2. Estou muito desiludido com o Luis Castro.
    Se bem que tenha posto a equipa a jogar melhor, o facto de nao so por o Quaresma a jogar, ainda por cima jogos inteiros, e tambem o deixar marcar livres bem ao jeito do Quintero quando este ultimo esta em campo deixa-me perplexo.
    As actuacoes do Carlos Eduardo tambem nao me teem impressionado e gostaria de ver o Herrera no seu lugar com o Quintero no lugar do Quaresma.

  3. Biba, também não percebi o que se passou ontem. Então na segunda parte até pensei que o PF estava de volta. Jogamos pessimamente lá na frente, na defesa jogamos q.b mas o nosso ataque foi uma nulidade.

    Exemplo: 10min de jogo e 7 cantos. Cantos com perigo? Zero.

  4. Olá Jorge.
    Não vi vosso jogo, estava entretido com o meu, nada posso opinar, mas achei curioso tua observação acerca do Quaresma….passa pelo Lateral Esquerdo, anda para lá um debate acesso acerca do rapaz, pode ser que interesse.

    Abraço

  5. “Quaresma. Teve dois lances estupendos, um remate de primeira depois de um balão que lhe foi enviado do lado esquerdo e que deixou Beto com as mãos a arder; outro, no final do jogo, depois de (mais) um livre por si cobrado, onde aproveitou o ressalto para atirar outra bola ao poste. Mas é no resto do tempo de jogo que Quaresma não conseguiu brilhar, em grande parte por culpa própria.”

    Jorge, para além dos dois lances estupendos que referes, o Quaresma fez outras coisas “menores”. Por exemplo, duas fantásticas assistências de trivela, uma para Mangala (que deu origem ao único golo do jogo) e outra para Jackson (que rematou à Jordão e falhou um golo cantado).
    Quem nos dera ter outros extremos/alas com um rendimento ofensivo parecido com o do Quaresma.
    Abraço

      1. não disse que não presta. disse que perdeu bolas demais no resto dos 89 minutos em que não fez duas trivelas maravilhosas. e continuo a dizer que tolero o rapaz e as suas parvoíces porque tem potencial para fazer coisas estupendas, mas há dias em que me enerva e ontem foi um deles…

  6. Bom dia a todos.

    Ontem tivemos Porto durante 45 minutos. Grande atitude, vontade e crer… só foi pena apenas um golo.
    Mas as pernas ainda não aguentam e na 2ª parte fomos abaixo… dominamos ainda assim toda a partida.
    Carlos Eduardo continua a meu ver a jogar tocado e Quintero muito trapalhão, embora com vontade.
    Concordo totalmente que Quaresma tem estatuto a mais na equipa… daqui a pouco vale tudo… é necessário por travão… a UEFA não perdoa.
    Quanto a Fernando inadmissível. Faz falta para amarelo, jogo segue e faz nova falta (esta discutível), pontapeia a bola para longe e ainda discute com o árbitro??!!
    Ainda assim vamos a Sevilha carimbar a passagem!
    Saudações Portistas

  7. Vamos para Sevilha com 1-0 por culpa própria!
    Esta equipa do Sevilha é banal mas a nossa 2ª parte dá que pensar de tão má que foi, se tivéssemos mais arrojo, mais coragem, mais ambição iriamos para Sevilha com a eliminatória encaminhada assim vamos lá passar um mau bocado!

    Cump

  8. Jorge
    Os adeptos teem de alertar as figuras,que ainda muito ha a ganhar,so que muitissimo mais ha a perder,ja ONTE era tarde
    Sobre o porto falta quase tudo para ser uma equipa de qualidade,mas sem classe.

  9. Não entendo: é o Sevilla uma equipe banal, ou fomos nós pelo jogo que fizemos que os transformamos em banais?
    Afinal, o grande campeonato espanhol, o segundo melhor do mundo atrás do inglês, tem equipas banais no 5º lugar?

    – Há muitos portistas a enprenhar pelos ouvidos… –

    Enfim, se a equipe é banal deveria ter visto um Baroni, e também não entendi – se vimos o mesmo jogo – como é que o árbitro escapou ao Baroni, mas o Quaresma foi lá parar!

    1. Mas não acha que se o porto jogasse no campeonato espanhol que ficava fácil nos 4 primeiros lugares junto com os 3 já conhecidos? Não percebo qual o espanto do porto ser superior a este sevilha..

    2. não os transformamos numa equipa banal, eles não são mesmo nada de especial. via-se quando puderam fazer algo contra uma equipa destroçada fisicamente e nao conseguiram. e o árbitro, como sabes, é raro ser criticado por estes lados e ontem também não achei que fosse assim uma arbitragem tão fraquinha. talvez um amarelo a mais, outro a menos…mas nada de extraordinário.

      cumps,
      Jorge

  10. Boas,
    Acho um pouco injusto o Baroni para o Quaresma. O Quaresma é isto. Já o sabíamos e não era de esperar outra coisa. Tanto resolve um jogo como resolve foder-nos a paciência.
    Mas espremendo bem temos:
    – Quaresma = Uma assistência para golo, uma bola no poste, um remate perigoso para defesa do Beto. Ainda tem uma assistência para golo para o Jackson na segunda parte que este não marca.
    – Varela = Jogou para trás e para o lado o jogo todo. Na única vez que ganhou coragem para ir à linha fez um cruzamento para o Macaco capaz de corar o Folha ?
    Abraços

  11. Boas Jorge, se me permites, na tua crónica faltou definir banal pois está a causar discórdia.. :)

    Eu também reservo muitas dúvidas quanto à suposta banalidade do Sevilha, não acho que o sejam, como também não acho que sejam melhores que nós… Achava e continuo a achar que será uma eliminatória difícil, que temos de sofrer, como vamos sofrer em todos os jogos até final da época.

    Acho que a nossa equipa é extremamente inexperiente, e por tal razão vamos continuar a sofrer com a irregularidade exibicional, esperando eu que atinjamos nesta fase uma regularidade de resultados e que levemos a nossa água ao moinho (com sofrimento), também ajuda a crescer.

    Para finalizar, um grande bem haja a todos.

    Abraço.

  12. Caro Jorge,

    This is my first time in your blog

    Concordo com quase todo o seu texto, mas na minha opinião o Sevilha não é uma equipa assim tão banal…! Aliás o treinador deles já prometeu uma equipa ofensivamente mais eficaz em Sevilha.

    Mas mais, um dos aspectos que devemos realçar é o ritmo dos jogos do campeonato espanhol a que o Sevilha está habituado, é superior ao dos jogos do campeonato português. Depois também me pareceu que o seu conjunto está melhor afinado com jogadas ao primeiro toque, desmarcações constantes e em velocidade. Em Sevilha o FC Porto terá de jogar mais e controlar (não deixar jogar) os andaluzes se quiser eliminar os sevilhanos…!

    Relativamente ao comportamento desportivo dos futebolistas portistas, classifico-os do seguinte modo:
    1 – Bom para Fabiano
    2 – idem aspas para: Danilo, Reyes e Mangala. Alex Sandro (parece-me) a 50% do seu real valor)
    3 – Fernando e Defour enquanto teve pernas, os dois melhores médios. Carlos Eduardo muito apagado (macio) quase nulidade.
    4 – Avançados: Jackson muito activo, muito marcado e raramente bem servido! Era impossível fazer melhor. O Varela está sem capacidade de explosão. O Quaresma perante a inépcia dos outros colegas do ataque não tem outra solução senão agarrar-se à bola, embora concorde que exagera.
    Quintero bom tecnicamente, mas sem ritmo e entrosamento e com os índices de confiança em baixo.
    Herrera, esforçado mas algo desenquadrado com os colegas.
    Ghilas, um bom avançado, rápido e possante que precisa de jogar para melhorar o entendimento com os colegas e ganhar confiança, o que vai provocar um aumento do seu rendimento.

    Eu era capaz de colocar já o Mikel no lugar do Fernando contra a Académica, a rodar para Sevilha

    Eis portanto aqui a minha opinião,

    Abraço,

    Armando Monteiro

  13. “you can polish a turd but it’s still a turd”.

    Nem tanto ao mar , nem tanto a terra. Jogamos qualquer coisinha, num jogo em que podiamos ter massacrado. Está visto e comprovado que a motivacao desta equipa está para estes jogos e, por ventura, para os encontrodos das Tacas.

    Ontem viu-se muito massacre, muito correr para a frente mas nao há ninguém no Porto que faca verdadeiramente a diferenca. O C. Eduardo, que eu tanto queria ver no 11 inicial, nao existe. O Quintero por muito que se goste dele, a jogar meia hora por jogo já está na altura de fazer a diferenca, de dar uma prova contundente do seu tao incrível talento. O resto da malta ou está toda rota (mais na cabeca que nas pernas) ou joga com o coracao e nao com a cabeca e num jogo como o de ontem era exactamente preciso isso.

    Nao quero destacar ninguém individualmente porque acho que ninguém se destacou individualmente. Teremos uma segunda mao complicada mas nao necessariamente difícil. Nem sequer penso que as ausencias de Fernando e Jackson sejam motivo para nao acreditarmos na passagem a próxima etapa. Se fracassarmos a única razao para o sucedido terá sido este jogo e a completa ausencia de golos num resultado (tal como no Benfica) que poderia ter sido massivo.

    P.S – Debates sobre o Quaresma á parte, que da qualidade do mesmo pouco as pessoas querem saber, porque o que realmente importa a toda a gente é se merece ou nao ir ao Mundial. Felizmente ontem, o Rubén Amorim fez o favor de resolver a situacao a todos ao lesionar-se e com esta lesao a confirmar-se grave, está visto que o Ivan Cavaleiro já garante a sua vaga, já que num Portugal com Benfica campeao sem ter jogador na selecao deve ser motivo para motins e embargos.

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