Não foi um bom jogo, mas foi interessante de seguir. A forma como o FC Porto raramente conseguiu criar perigo para a baliza de Matt Jones começou por ser enfadonha, passou a enervante e acabou quase em desespero, tantas foram as perdas de bola por pobre domínio do esférico ou por uma incrível incapacidade de jogo concertado em equipa. Provou-se que Ghilas não pode ser titular a qualquer custo porque “morre” na ala; que Reyes é boa opção para jogar ao lado de Mangala; que Varela e Jackson continuam em período negro (sem piadas); e provou-se acima de tudo que Quintero tem mesmo de jogar nesta equipa se queremos algo mais que um onze amorfo, sem ideias e a pedir que o campeonato acabe depressa. A vitória assenta bem mas podia e devia ter sido mais fácil. A notas, que se faz tarde:
(+) Quintero. Não fez um jogo extraordinário mas serviu como elemento equilibrador da equipa a nível táctico e claramente desequilibrador (de uma forma positiva) no aspecto técnico. A sua entrada para o lugar de Josué (de volta às exibições apagadas, mais uma vez, depois de entrar bem contra o Nápoles) fez com que Carlos Eduardo saísse do “buraco” onde se enfia quando joga na posição 10 e possibilitou que o colombiano pudesse ser patrão da equipa depois de uma primeira parte em que ninguém parecia querer assumir o papel, para lá de uma ou outra corrida de Alex Sandro e Ghilas pela ala. Adoro vê-lo com a bola nos pés porque a finta é fácil e apesar de nem sempre sair bem, quando passa por um adversário imediatamente levanta a cabeça para perceber se há linhas de passe abertas e endossa a bola na direcção do jogador que pode criar mais perigo. Por favor, mister, ponha o moço a titular e acredite nele, a equipa só tem a ganhar com isso.
(+) Reyes. Calmo, sem exageros exibicionais, bom de cabeça e com óptimo posicionamento, mesmo sem ter sido testado em grande escala pelos inertes avançados de Belém, o mexicano esteve bem na estreia como titular na Liga. Bom primeiro toque, passe simples e movimentos elegantes, pode vir a ser um excelente jogador no clube e depois de o ver muitas vezes a jogar pelos Bs, não me surpreende que tire o lugar a Maicon a curto prazo.
(-) Execução técnica dos jogadores do FC Porto. Dizem que Cristiano Ronaldo fica até mais tarde para treinar livres. Não sei se é verdade, acredito que sim, mas acho impossível isso acontecer com qualquer jogador do FC Porto. Há dois vectores principais nesta tirada que gostava de definir logo à partida: a recepção orientada da bola e o passe. Já disse dezenas de vezes que o FC Porto falha imensos passes e que esta época está a ser um annus horribilis para qualquer tipo de índice técnico da equipa, mas gostava de adicionar a primeira parcela, que atira por terra montes de jogadas antes mesmo delas começarem. Sei também que escrevo isto depois de ver um Real Madrid – Barcelona, o que acaba por tornar estas imperfeições ainda mais notórias, mas a verdade é que há alturas em que não me parece estar a ver o FC Porto a jogar mas que entrei sem querer no Unidos ao Cerco contra os Ases Valboenses, tal é o inacreditável número de maus controlos de bola, a falta de precisão com que os jogadores adiantam a bola à sua frente, a forma como a recebem e orientam mal o próximo toque…e tudo isto faz com que haja tantas jogadas que se percam, desequilíbrios que não se criam, posicionamentos que se destroem pelo simples facto de X passar mal para Y e o desgraçado do Y pensar que a bola tem picos ou que consegue mesmo correr 15 metros num segundo, arrancando do zero. É treino que falta a esta malta e pensarem que não podem aprender nada nesta idade e que estas coisas são ensinadas de base e que agora é só depender do talento para se safarem…olhem para o Ronaldo e perguntem-lhe porque é que ele treina livres até mais tarde.
(-) Jackson. Está mesmo a precisar de banco porque está estourado fisicamente e porque a cabeça pode não estar muito melhor depois de jogos atrás de jogos a tentar criar espaço sem que a bola lhe chegue em condições. E nos últimos jogos…quando lá chega…zero. São falhanços demais para continuar a ser titular com autoridade, especialmente com Ghilas cheio de “fome” e com mais força para apimentar a linha ofensiva…
(-) Anti-jogo do Belenenses. Trouxeram a bandeira, o que já não foi nada mau e prova que as tradições são para cumprir e tal como o FC Porto depositou a habitual coroa de flores junto do memorial de Pepe, os rapazes do Restelo entraram no Dragão com a nossa bandeira bem aberta. Gostei de ver e vou continuar a gostar de ver esta tradição interessante e prova de fair-play fora de campo. Mas dentro de campo a conversa foi diferente. Desde os primeiros minutos que se percebeu que o intuito era o de queimar o máximo de tempo possível, com Lito Vidigal a aproveitar para fazer pequenas palestras a meia-equipa sempre que um dos seus meninos se atirava para o chão, talvez incomodados com o ar frio do Norte. Foi absurdo ver a quantidade de vezes que Xistra permitiu esta troça ao futebol e à competição saudável porque não parecia muito incomodado com o festival de arremesso para a relva que foi protagonizado pelo Belenenses e que levou os adeptos a assobiadelas monumentais, com toda a razão. Mantenho o que sempre disse: se dependesse de mim, a não ser que se visse um osso fora do corpo ou se as cordas vocais estivessem a vibrar a céu aberto, os jogadores do FC Porto deviam sempre seguir a bola.
Devia ser criminoso marcar um jogo para a mesma altura de um Real vs Barça que, ainda por cima, foi o que foi. Felizmente deixei o jogo a gravar em casa (e esse é o verdadeiro motivo da hora tardia desta crónica) e vi-o depois de chegar, pelo que agradeço aos meus colegas de bancada o facto de não me terem dito quanto estava o jogo e assim retirarem alguma da emoção do que foi um jogo estupendo. Se algum deles me estiver a ler, o meu muito obrigado!
gostei da forma educada que deste o baroni ao jackson.
Vitória importante e sofrida.
Nao vi, mais uma vez, o jogo mas apanhei a ultima meia hora na tsf. Pareceu-me que o Porto jogou pouco, sofrendo como de costume, mas há que se destacar algumas coisas boas.
1 – Mais uma vez o Luis Castro. Mexeu na equipa cedo, mais cedo do que se ve muitas vezes a mexer, e quer-me parecer (acho que eras tu Jorge que dizias) que continua a testar a resposta da equipa, como que a preparar quem fica no plantel na próxima época. E, sinceramente, tirar um central e meter um avancado, ou um Licá, é do tipo de coisa que eu gosto de ver num treinador. Se é para ganhar é para ganhar e nao para ficar a espera que as coisas acontecam.
2- O discurso. Do Quintero pouco ou nada entendi do que disse na “flash” e eu falo com latino-americanos todos os dias. Mas o do “mister” gostei bastante. Nao se esconde das perguntas dificeis e convém ter em conta que as 3 perguntas que eu ouvi vieram de imprensa afecta ao Sul (Sic noticias, a Bola Tv e Correio da Manha). Tem um discurso cuidado e que transmite confianca e ao mesmo tempo a verdade do factos. Cresce todos os dias um bocadinho a admiracao por este senhor. Só me parece que ele deve sofrer de asma ou algo assim da maneira que arfava por todos os lados.
3- Estao todos em pé de igualdade. Abdolaye sentou(e bem) para ficar a ver como é que se joga a bola num clube grande. Reyes esteve tranquilo e pode ser aqui que ele comece a marcar pontos. Quintero tem que ser a aposta, com o pouco de época que falta, tem que ter mais minutos. O Jackson ja pede banco mas nao sei até que ponto Ghilas esteja pronto para entrar.
Esperava ver o Agu a jogar mas nao estava jogo para trincos e tenho de esperar pela próxima.
4 – Goncalo Paciencia marcou dois. Espero sinceramente que este, junto com Tozé&Lda, tenham mais oportunidades para o ano. A boa coisa de Castro ficar na equipa era que esta transicao acabaria por acontecer. Aliás, seja que treinador venha tem que ser alguém que aposte na “B” porque para o ano vai ser ano de vacas magras e Mangala e Fernando nao vao chegar para grandes aventuras no mercado.
Mais uma vez grande post e este continua a ser o meu blog portista preferido apesar de correr a lista que está aqui ao lado todos os dias. Vá também gosto do Tomo II e do Café.
Saudacoes portistas
acho que este foi mais um “post grande” em vez de um “grande post”, mas foi o que deu para escrever depois do Real vs Barça :)
abraço,
Jorge
Bom dia a todos!
Meus caros, estou no geral de acordo. A exibição ontem foi muito fraca.
Quintero entrou, mexeu com o jogo e até marcou.
Mas será que ninguém percebeu que estávamos a jogar contra 10 e que estávamos a jogar contra o ultimo classificado??!!
Até o Reyes jogou bem!!
Quero ver se contra 11 será igual…
O Jackson deve ter alguma dificuldade em estar sentado porque ninguém o mete no banco??!!
Na quarta-feira vamos ter que jogar bem mais.
Saudações Portistas
Acho que o Defour por todo o papel que teve no jogo e pelo que jogou merecia um Baía.
desiquilíbrios é desequilíbrios, vem de equilíbrios!
farto-me de dar esse erro e parece que não aprendo. obrigado pela correcção!
cumps,
Jorge
O meu pai toda a vida escreveu “Pae” e “mãi” – nem por isso deixou de escrever belissimamente; é preferível um erro dado com veemência a passar ideias claras (embora eu, enquanto benfiquista, não concorde com todas!) do que uma escrita escorreita sem nada para ler;
Abraços, Alberto
sem dúvida…mas se puder juntar as ideias claras à escrita escorreita, tudo no mesmo embrulho…é bem melhor ;)
abraço,
Jorge
Boas… Ontem infelizmente não pude ver o jogo, apanhei no carro os últimos 25minutos e ouvi então o relato… Pelo que já li deu para constatar que não jogamos nada de especial e foi contra dez…. Agora mantendo o que tenho dito que passa por pedir determinação todos os jogos, a minha pergunta ?:
ao menos demos tudo? Corremos e tentámos como se não houvesse amanhã?
Espero e confio nas respostas que me derem, esperando que as mesmas sejam positivas.
Um abraço.
and now something completely different: Fui ao Dragão e deixei o clássico a gravar. Alguém que diga ao Pedro Henriques que o Barcelona também tem adeptos em Portugal, Nem todos veneram a equipa do irmão da Katia Aveiro. Abraços
vi e ouvi o jogo todo e não fiquei com essa ideia, sinceramente. o pedro henriques parece-me um gajo honesto apesar de exageradamente fixado na premier league e na forma como lá se joga e permite jogar. sou adepto do Barça, como deves saber, mas não achei que estivesse a puxar o jogo para o lado do Real, se vires nos lances polémicos ele é dos poucos que muda de opinião “no ar” depois de ver as repetições, mantendo o benefício da dúvida para o árbitro.
ou então sou eu que estou a ser muito permissivo :)
abraço,
Jorge