Já perdoei tanta coisa aos rapazes que vestem a nossa camisola. Aturava os copos do McCarthy, não ligava à lentidão do Capucho ou às fungadelas do Jardel. Não me chateava muito com o Quaresma que não defendia, o Sapunaru que não atacava, a mesma porra da mesma finta que o Tarik fazia, os remates tortos do Maniche, os passes transviados do Lisandro ou os cabeceamentos falhados do Derlei.
Todos estes tinham o seu papel a desempenhar e faziam-no bem, com afinco, com vontade e com garra. O que vejo hoje é diferente.
Há uma indolência muito atípica na actual equipa do FC Porto. Começa atrás, com um sector defensivo que tem tudo para funcionar como um muro para os avançados mas que deixa passar bola atrás de bola com falhas parvas, excessos de confiança e incapacidade de tomar as decisões certas na altura certa. Temos um meio-campo órfão de ideias, com um patrão presente que não parece conseguir impôr a disciplina que aqui há uns meses era dogma. E um ataque que tem tanta eficácia como uma torneira de água gelada a derreter manteiga saída do frigorífico. Estamos torpes, lentos, sem convicção, sem mentalidade agressiva e guerreira que nos marca a imagem de forma indelével pelas décadas de exibições por esse mundo fora. Vejo os jogadores desconcentrados, com medo, sem movimentação planeada e a vaguear pelo campo como se nada na partida os fizesse despertar de um sono profundo, com ausências de racionalidade que não vejo em jovens que acabam de se estrear em competições a doer. E gostava de apontar o dedo a vários factores mas só consigo olhar para um: Fonseca.
Não vou tão longe como o Zé Luís, que insiste na inexistência de um jogo planeado e na depauperização permanente dos nossos activos de temporada para temporada. Não avanço com o cinismo que é característico seu e uma imagem de marca na nossa bluegosfera. Não atiro a toalha por discordar de opções alheias, não é esse o meu estilo e recuso-me a entrar por esse caminho. Sou um construtor, não um destrutor, sempre fui e serei. Mas dói-me cá dentro concordar com ele em vários pontos, desde a enormidade dos passes falhados por ausência de opções válidas para endossar a bola até à incapacidade de romper defesas fechadas. É o que se vê em campo e é inegável que algo terá de mudar. Aponto também as opiniões do Vila Pouca, habitualmente do outro lado da muralha e como de costume apela à força de um colectivo que neste momento não a mostra em campo. E olho para dentro, olho para a minha própria atitude durante o jogo e percebo que não é pelas minhas falhas que os jogadores mostram as deles.
Há falta de atitude. Há, carago, não duvido. Os rapazes entram em campo sem força, sem vontade de pugnar por um objectivo que devia ser o de sempre e o de todos os dias no futuro deles e do nosso: ganhar. Quando vejo as estatísticas e a forma como Fonseca puxa os números para o peito e os exibe com orgulho, a fel começa-me a subir pelo tubo acima e enervo-me pela quantidade de buracos na peneira que não chegam a tapar um minúsculo led, quanto mais um astro que ilumina as nossas vidas. Precisamos de liderança forte, precisamos de um, dois, doze murros na mesa e perceber que ninguém está no relvado para fazer um favor a ninguém. Precisamos de um treinador com ideias bem assentes e convicções capazes de derrubar qualquer Golias ou, como tem sido hábito nos últimos tempos, alguns Davides de nariz empinado. Precisamos de lutar, de acreditar que nada surge do acaso mas que tudo aparece de trabalho bem feito e confiança no que sabemos fazer, e que a táctica não é mais que uma disposição em campo da vontade que podemos mostrar. Que um 4-3-3 pode facilmente bater outro 4-3-3 ou qualquer outra sequência de números num quadro branco, desde que haja vontade para o fazer.
Será Paulo Fonseca esse treinador? Não sei. Mas pelos sinais que vão crescendo nos últimos tempos, a janela começa a ficar pequenina, pequenininha…e difícil de reabrir.
Sinceramente depois da conferência de imprensa de ontem, cada vez mais acredito que Paulo Fonseca foi um tremendo erro de casting.
Gostava que ele me calasse mas estou nada confiante com os sinais que vão transparecendo para fora
@ Jorge
também precisamos de um treinador com “eles” no sítio – para lá da sua capacidade de dar murros na mesa (actividade na qual foi o precursor) …
fónix. de repente lembrei-me do Mourinho. porque será que me veio à cabeça esta lembrança?
abr@ço
Miguel | Tomo II
Eu não vejo falta de atitude. Acho que todos se esforçam ali quase ao nível de “comer a relva”, exemplo: Fernando, lucho, jackson. Aquela gente luta mesmo.
O que eu não vejo é construção de jogo, parece que não sabem para quem passar, nem qual é a posição de cada um. A chega ao mangala/to mendes/maicon e tem de: 1. ir para o fernado 2. bilhete lá para a frente. Vê-se muito isto: 4 defesas e fernando atrás da linha do meio campo, e ninguém para quem passar a bola, soluões: bilhete para a frente ou andar ali a passar para o lado até o alexssandro correr para a frente.
É como nos cantos, metemos lá 10 gajos e a bola vai para o primeiro poste em 99% das vezes.
Parece-me que não fazem aquilo nos treinos. Vamos lá ver em coimbra o que acontece.
Jorge,
Sempre achei que o Ze Luis nao tem o credito que merece na bluegosfera. Escreve de uma forma muito sua, que sinceramente me agrada, e tem uma acidez incrivel, fora analisar normalmente bem o jogo.
Sobre o teu post, estaria menos preocupado se o problema fosse so de atitude ou falta de lideranca. Tambem no tempo do VItor Pereira a equipa entrou muitas vezes em campo sem a urgencia devida, mas o plano de jogo la acabava por resultar por, precisamente, HAVER UM, as movimentacoes estarem oleadas, etc. Acho que o problema em relacao ao Paulo Fonseca nao e’ bem a falta de lideranca, vejo os jogadores a lutar. Cometem erros, dao abebias, alguns sao fracotes, mas tentam. Acho que o problema e’ muito maior que isso, e’ mesmo de sistematizacao do jogo, adequacao do modelo aos jogadores disponiveis, arranjar forma de ter os melhores em campo e nao usar os jogadores que ha no modelo idealizado em Pacos de Ferreira. Como alguem disse no teu post anterior, o treinador e’ um cagao, e isso nota-se sobretudo na forma como nao poe a jogar os unicos gajos que tem talento acima da media mas nao defendem por ai alem (Quintero, Kelvin). Um gajo sagaz arranjava forma de eles jogarem, ate porque estamos a falar de jogos contra equipas mediocres. Lembre-se o Carlos Alberto no tempo do Mourinho. Se o treinador da altura fosse o Paulo Fonseca, ele nao calcaria…
Ou muito me engano, ou a conferencia de imprensa de ontem ira marcar o consulado do Paulo Fonseca no Porto. As poucas pessoas que ainda acreditavam em mudancas e aprendizagem terao desistido. Acho que o Paulo Fonseca e’ um gajo impreparado e cuja teimosia vem de conviccao que nao e’ sadia por estar assente em erros e de falta de sagacidade na leitura do jogo. E’ um pessimo comunicador, com dificuldades evidentes na transmissao de ideias e construcao de frases, ate. Nem quero imaginar o que se dira em caso de acidente em Coimbra.
Grande artigo do amigo Jorge e comentários à altura. Subiu-lhe a mostarda ao nariz. A ele e a nós todos. Chamo a atenção para outro excelente texto da ENID no bibóporto.
Abraço para o Jorge e comentadores
Caríssimo, é com grande prazer que o vejo de volta! Espero que esteja bem e que continue em grande!
Um forte abraço portista,
Jorge
Boas Jorge,como nao assiti ao jogo do porto nao vou opinar sobre os jogos.Vinha aqui opinar sobre algumas questoes,Tais como,ha uns tempos escreveste umas letras que chamaste,,os de ontem e o de hoje ,no qual eu opinei Algo,agora se me permitires vou dar a minha opiniao. sobre um assunto parecido.Ha uns tempos atras VI na rtpmemo,o porto do jardel treinado por o grego do momento,que foi o porto que mais odiei,quando se libertou de ambos foi campeao europeu,e senti nostalgia desse Tempo(incrivel),esperava que nesse momento que jogasse parecido com essa equipa, Foi para ai ha 2anos , sempre chamei a esse porto de UTOPIA o grego do momento confirmou minha ideia num programa esta semana,portanto como sei que este porto nao passa de UTOPIAS presidencias,ESTE porto E o merecido de muita gente da bluegosfera ,E EM especial AQUELES que LEVIANAMENTE USAM A FRASE somos porto,algo que ja nao sao ha uma decada
O Jorge,o que escrevestes chamasse os de agora e os de ontem , inves de o nome que dei ai desculpas