Assim dá gosto

Obrigado, malta alemã, para me lembrarem do prazer que é ver bom futebol sem torcer por nenhum dos clubes envolvidos.

Parabéns, jovem Josef, por mostrares que nunca se desiste mesmo quando o futuro pôs o presente em causa. E a ti, Herr Klopp, por perderes tão bem.

Parabéns também a ti, Arjen, que pareces velho há demasiados anos mas que continuas a jogar que é uma parvoíce.

E obrigado ao futebol alemão. São o único futebol em que se nota que os treinos fazem com que os jogadores evoluam, ao contrário do que cá acontece.

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Baías e Baronis 2012/2013 – Os guarda-redes

Helton é uma personagem. Vai de viola às costas nos estágios como um puto no secundário, faz gestos constantes de apoio e agradecimento para com os adeptos, é baterista numa banda e finta avançados. E estas personagens trazem um sal extra a este maravilhoso mundo da bola, como uma travessa de espargos a acompanhar um prato de caça. São os pormenores do jogo com os pés, a facilidade com que lida com uma pressão mais intensa de um ou outro adversário mas acima de tudo a calma que mostra quando coordena uma defesa que parece ficar mais nova à medida que ele fica mais velho. E a PDI ainda não lhe começou a afectar os reflexos nem o julgamento, porque está mais experiente que nenhum outro no plantel (só ele é responsável por aumentar a média de idades do grupo aí uns dois ou três anos…) e mostra-o em campo, quando impõe a disciplina defensiva nos colegas, com graus variáveis de eficácia mas sempre com a convicção que é o dono daquela zona recuada. E Fabiano, que já mostrou ter bons instintos, excelente elasticidade e presença na baliza (ainda tem de melhorar o jogo com os pés, especialmente tendo em conta o padrão do “puto” que está à frente dele na ordem natural de escolha), vai ter de esperar pela reforma ou pela viagem de regresso ao Vasco da Gama, que parece não estar marcada para 2013. Helton foi Helton durante toda a temporada. Brincalhão, tranquilo, seguro. Não posso pedir mais a um guarda-redes.

HELTON: BAÍA
FABIANO: BAÍA

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Leitura para uma quarta-feira tranquila

  • O Futebol Magazine exibe a arte estilizada de Luke Barcley;
  • O choque entre o mundo do futebol e da música raramente trazem bom resultado, como é evidenciado no Got, Not Got;
  • Uma tabela que hierarquiza o Top-20 de assistências em campeonatos por esse mundo fora, mostrada no Bill’s Sports Maps;
  • Análise ao futuro próximo do “meu” Newcastle United, agora que a manutenção foi garantida. No excelente I Wish I Was A Geordie;
  • Armando Pinto relata a história de Rodrigues Teles, pioneiro historiador do FC Porto, no notável Memória Portista;
  • A última conferência de imprensa da época de Paolo Di Canio no Sunderland…com vinte minutos de desancanço no fraco profissionalismo dos jogadores, trazido pelo KCKRS;
  • Continuando com história, fala-se de…grandes fatos-de-treino dos nossos tempos. Não estou a brincar. Leiam no Football Attic;
  • E para terminar, o Swiss Ramble põe as contas do Manchester United debaixo da sua habitual lupa analítica;

 

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Baías e Baronis – Paços de Ferreira 0 vs 2 FC Porto

A vitória estava a noventa curtos minutos de distância e não escapou. Mas o jogo mostrou segurança suficiente para que não houvesse dúvidas de quem estava ali para ganhar e para mandar no jogo como não tinha conseguido mandar no campeonato durante largas jornadas, demasiadas jornadas. E se o penalty apareceu na altura certa (em jogo corrido pareceu-me claro, mas na repetição fiquei sem perceber sequer se tinha havido falta), a verdade é que em todo o jogo só houve uma equipa que controlou os ritmos e as nuances da partida. Tacticamente bem, fisicamente razoável mas tecnicamente fraca, a equipa chegou ao final apesar de falhas consistentes no passe, salvando-se Varela e Lucho, com Defour também em bom plano. Vitória certa da única equipa que quis ganhar. Vamos a notas:

(+) Varela. Excelente jogo. Muito activo pelo flanco esquerdo na primeira parte e mais orientado pelo direito na segunda, foi Varela que levou o FC Porto para a frente com maior intensidade, sempre com a vontade que pareceu demonstrar neste final de época onde conseguiu ser um dos melhores jogadores da equipa. Sim, Varela. E quem o viu no início da temporada, lento, a arrastar-se em campo…e o vê agora, deve imaginar que o rapaz teve qualquer tipo de epifania futebolística e recomeçou a jogar à bola. Hoje esteve muito bem, com bons cruzamentos e o suor que deveria ter posto sempre em campo em todos os jogos. Muito bem.

(+) Lucho. Não esteve genial, mas esteve muito bem no centro do terreno a comandar tacticamente a equipa, quando os obrigou a pressionar alto e a carregar o jogo para cima do Paços. É inegável a influência que tem no controlo da formação portista em campo, constantemente a dar indicações aos colegas e a incentivá-los sempre que é necessário. Ah, e marcou o penalty. Ufa.

(+) Defour. Certinho no meio-campo, nunca tendo medo de meter o pé quando era necessário e marcar a diferença numa zona em que Luís Carlos e André Leão são rijos e agressivos na disputa da bola. Continua a ser dos melhores jogadores na componente técnica do passe e nem quando foi obrigado a descair para lateral direito falhou nesse aspecto, porque continuou a trabalhar bem e a subir para a marcação como lhe era pedido. Bom jogo.

(-) Danilo. Se fosse outro gajo diria a mesma coisa: foi uma estupidez. Aquela traçadela aos dez minutos da segunda-parte fez com que explodisse na cadeira onde estava e originou a que proferisse mais um pedaço de vernáculo nortenho que prefiro não reproduzir neste momento. Fazer com que seja expulso (sem espinhas nem contestação) no jogo mais importante da temporada é uma infantilidade pior que a de Fucile em São Petersburgo ou Defour em Málaga. Muito tem de aprender este rapaz e francamente começa-me a desiludir a sua atitude em campo e a forma como está a falhar a aposta nele como lateral-direito titular do FC Porto. E lixou-se porque falha a Supertaça. E que jogador não quer começar a época em grande contra o Guimarães? *wink wink*

(-) Olha, um jogo em que falhámos muitos passes… Compreendo o nervosismo, não sou estúpido ao ponto de pensar que os rapazes não iriam estar nervosos e os índices técnicos iam ter de ceder por alguma parte. E o passe foi, mais uma vez, uma dessas cedências. Mas já me chateia ver a equipa a tentar o último passe de uma forma tão atabalhoada. É um ciclo vicioso este dos passes falhados e que se pode repercutir da seguinte forma: falho um passe, não posso falhar o próximo, vou tentar com tanto afinco fazer um passe perfeito que condiciono as minhas opções e perco espaço e pumba, lá vai outro passe falhado. Na próxima época devíamos espetar pinos no Dolce Vita e obrigá-los a acertar-lhes desde o relvado. Quem falhasse tinha de ir buscar uma garrafa de Gatorade à Repsol em Fernão de Magalhães. Too harsh?


É sempre difícil falar de um jogo com este tipo de carga psicológica, de uma fortíssima intensidade e de enormes emoções. Ao escrever estas palavras ainda dura a festa nas imediações do Dragão, e Vitor Pereira está com um sorriso enorme ao ouvir as palavras de Pinto da Costa. Ele, como tantos outros antes dele, está de parabéns. Hoje, todos estamos de parabéns, todos os que acreditaram que era possível dar a volta a um campeonato que nos vergava a fé e a mente, que parecia perdido até duas semanas antes do seu final. Hoje somos felizes porque trabalhamos para isso. Análises mil seguir-se-ão nos próximos tempos e não me alheio de as fazer. Tudo a seu tempo, porque hoje é dia para celebrar, para descansar, para me sentir novamente campeão. Perdão, tri-campeão!

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