Os rodapés

Uma boa maneira de perceber o impacto que tem num adepto a mudança de um jogador que lhe “pertencia” para um outro clube é vê-lo a jogar por um clube que se despreza, como neste caso se passou com Addy no Guimarães. Vi-o a cumprimentar o banco do FC Porto, Vitor Pereira e Antero, com sorrisos e alguma cumplicidade. Não me surpreende, afinal ainda passou cá uns anos e não tendo estado sempre presente, sempre foi um nome que me habituei a ver ligado a nós. Mas porquê? É mais um caso de talento detectado, não trabalhado e, até ver, desaparecido. E é olhando para ele que percebo a pouca importância que Addy alguma vez teve no FC Porto, como tantos outros antes dele. São rodapés na história de um clube, nomes perdidos na mente de tantos adeptos que nunca ouviram falar do Kaviedes mas sabem em que dia o James tem agenda na pedicure.

E enquanto os rapazes lá vão ganhando a vida, estes homens que uma vez foram felizes por vestir a nossa camisola e que agora vivem uma outra realidade num outro clube, uns melhores que outros, urge marcar sempre a diferença em relação aos que nunca tiveram a oportunidade que tantos outros sonham e nunca conseguem. Acho sempre curioso ver um jogador como Addy, que apareceu pela primeira vez num jogo da Taça da Liga contra o Rio Ave em pleno Dragão, que na altura alimentava a esperança de se manter no plantel, e que por azares do destino, lesões incapacitantes, inadaptação à posição e ao ambiente, ou simplesmente porque a sua mais-valia não era maior que a mais-valia do outro homem que ocupava de forma incontestável a posição na altura em que coincidiram nos treinos, na vida, no dia-a-dia do balneário e da convivência humana. Há tantos outros nomes, tantos Mareques, Chippos, Brunos, Buzsakys, Romeus, Rafaéis, Quintanas…tanta gente que já por cá passou e seguiu.

O presente serve sempre de má lembrança mas daqui a uns anos, quando o FC Porto fôr jogar a um qualquer país distante e algum jornalista se lembrar de consultar uma lista de jogadores antigos e lá aparecer o homem a falar dos tempos que por cá passou…vejam se se lembram dele. E provavelmente vão-se recordar dos tempos em que tinham esperança que fosse titular no próximo jogo. E lembrem-se que ele pensava o mesmo.

17 comentários

  1. @ Jorge

    e não esquecer os kaviedes, os walters (com ou sem Paz), os mandla zwames, os n’tsundas, os panduros – e todos os outros «filhos do Vento», que, um dia, o foram de um “deus maior”.

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

  2. Jorge,
    Por falar em rodapés, lembro-me de um grande craque, jogador de fino recorte amado no Brasil e que no FC PORTO se bem me lembro apenas fez 2 ou 3 jogos tendo depois uma gravissima lesão. E se bem me lembro tambem, foi suplente não utilizado na conquista de Viena. Seu nome? Casagrande!!!!

    1. @ Felisberto Costa

      foi “só” o primeiro internacional da canarinha a vestir as nossas cores.
      chegou no mercado de Inverno de 1987.
      na sua estreia, ante o Guimarães, marcou o nosso segundo golo (o do empate final) – o seu único golo com a nossa camisola.
      lesionou-se durante o Brondby-FC Porto dos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus (partiu a perna e rompeu os ligamentos do joelho esquerdo) .
      obrigado! por tão grata recordação
      (e não estou a ser irónico)
      ps:
      fonte da informação aqui.

  3. Estava a tentar lemvrar mas nao consigo: o lateral direito argentino que veio como vedeta’ sempre foi vedeta e jogou contra nos na final da champions pelo Monaco? (junto com o morientes, emprestado pelo real). Desses e do kaviedes lembro-me. Mas tambem me lembro que despachamos o Tiago silva da EQUIPA b, junto com o derlei ( ou seria o maniche ou costinha?) oferecido ao dinamo moscovo. E Sera que alguem na altura imaginou que esse central chegaria onde chegou?

    1. Hugo Ibarra…e o Thiago já foi analisado extensivamente por tudo que é jornalista quando se transferiu para o PSG este ano…quando cá esteve teve azar, problemas de saúde…

  4. Excelente post… estes nomes também fazem a história do clube e muitos ficam marcados de forma que não é totalmente proporcional ao tempo ou à notoriedade que tiveram com as nossas cores…
    O Addy poderá sempre dizer que treinou e jogou ao lado do Falcao, James ou Moutinho e que isso foi dos melhores momentos que teve na sua carreira.
    O Addy, como outros, apesar de pouco ter jogado e de poucas oportunidades ter tido levará sempre esse selo D.O.C. de ter estado no FCP e muito provavelmente construirá uma carreira que sem ser brilhante será certamente melhor do que aquela que perspectivava antes de o FCP o ir buscar aos fiordes escandinavos…

  5. Bem, quanto ao Addy, acho que entra para a categoria de “Esperança que não se cumpriu” (tal qual saído dum verso de Fernando Pessoa.

    Veio com a impressão de ter algum potencial, mas nunca se afirmou. E é aqui que penso que difere dos N’Tsundas, Kaviedes e Esnaiders desta vida, que vinham ou como craques, ou reformados doirados, ou “the next big thing from…” .

    David Addy nunca coube em nenhum destes rótulos e penso que nos tempos que correm qualquer jovem promessa com potencial nunca virá directamente para os “AA”, antes sendo integrado no clube pela porta “B”. E assim se evitam os desapontamentos que ocorriam com uma frequência superior à desejável num clube de top.

    Os casos de Kléber e Iturbe são quiçá os resquícios de uma era que acaba e que, espero eu, não se volte a repetir tão depressa.

    Nota adicional: quem se lembra dos seguintes rapazes que também jogaram com as nossas cores:

    • N’Kongolo
    • Edu
    • Baltazar
    • Mitharski
    • Paulinho
    • Lipcsei
    • Alejandro Diaz
    • Buturovic
    • Maric

    Eu não me recordo da cara de qualquer um deles, nem sequer do numero que vestiam nas costas ou quais eram as qualidades que levaram PdC a ir buscá-los.

    São todos jogadores estrangeiros que jogaram nas Antas entre 1985 e 2000. E nunca mais se ouviu falar neles.

    1. (aa-ham! cof! cof!)
      tolinho nr. 3 apresenta-se na formatura :D
      e acrescenta (de 1990 a 2000):
      . Jorge Plácido – porquê?!
      . Vlk – esteve duas épocas no clube, mas nunca foi nem carne nem peixe
      . Kiki – se o Mangala dá pau, este trocidava
      . Morato – pois… veio do zbording
      . Antônio Carlos – não é engano no nome, não. só mesmo na pessoa (penso que foi expulso do clube por ter dado ‘molho’ num treino)
      . Paulinho McLaren – falhou um golo incrível no Bessa
      . Vinha – ponta-de-lança fixo (literalmente). mas aquele golo ao 5lb
      . Mogrovejo – porquê?!
      . Latapy – ai o penalty contra a Samp…
      . Roland Baroni – porque sim
      . Wetl – porque o Lipcsei já foi referido
      . Daniel Kenedy – houve uma época em que tivemos seis laterais
      . Pedro Henriques – porque houve uma época em que tivemos seis laterais
      . Carlos Manuel – não é o (suposto) ‘roto’ de Carnide. então quem foi? não sei…
      . Argel Fucks – é como o outro: não é engano no nome, não. só mesmo na pessoa
      . Cajú – ãh?! (quase que faz lembrar a Dina «peguei, trinquei, meti-te na cesta: cajú»
      . Romeu – levou um cacete, no Bessa, do Litos que o arrumou (de vez). nunca mais foi o mesmo…

      abr@ço
      Miguel | Tomo II

      1. Antônio Carlos – não é engano no nome, não. só mesmo na pessoa (penso que foi expulso do clube por ter dado ‘molho’ num treino)
        foi…e escolheu o gajo certo para se pegar…o nosso actual treinador-adjunto ;)

        Paulinho McLaren – falhou um golo incrível no Bessa
        nem me lembres…ainda hoje não percebo como é que o homem não marcou aquilo…e ainda falam do Rentería na Luz…

        Vinha – ponta-de-lança fixo (literalmente). mas aquele golo ao 5lb
        joguei futebol de cinco uma vez contra ele. ricos pés, garanto-te :)

  6. Jorge nao sei se iras aceitar,o comentas,mas e para dizer no caso,,o que seria do FCP actual se nao fosse,os ex leoes mas principalmente os olheiros dos lampioes,e ja agora se permites eu gostava de dar um mega BAFONICO BAIA ao liedson,pelo o ordenado,comparando a sua estreia 20minutos (em campo jogou 3) mas vai marcar,e nao o estou a ver ele ser de utilidade produtiva ja para a champions

    1. @ Alex F.

      pá, Alex, que tenha sido a primeira e a última :D

      (mais a sério:
      eu sou um puto, car@go! colheita de ’75. só acordei para o nosso FC Porto em 1984 (chorei baba e ranho com a final de Basileia).
      assim, estou sempre (pronto) a aprender com quem tem mais experiência do que eu :D
      desconhecia o Evaldo. mas já é bom saber e lembrar-me do Casagrande, «penso eu de que»)

      abr@ço
      Miguel | Tomo II

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