Jesualdo está de volta a Portugal. E vai ser curioso vê-lo a defender as cores de outro clube depois da saída do FC Porto ter deixado muitos adeptos aliviados ao fim de uma temporada infeliz. Lembram-se de 2009/2010? Foda-se, parece que foi há vinte anos, palavra de honra. Os nomes do plantel eram tão diferentes, as perspectivas eram altas mas o mundo parecia outro, menos estranho, mais fácil de garantir com a qualidade do costume. Eram quatro campeonatos seguidos que tínhamos no saco, e se o primeiro foi arrancado a ferros pelas garras da garra do Co, Jesualdo ganhou os próximos três com sabedoria e perdeu o quarto por vários motivos, desde o túnel-gate à instabilidade da equipa, mas entretanto foi um dos principais gestores de talento e de potencial lucrativo dos seus activos, soube fazer crescer os jogadores que teve ao seu dispôr, percebeu como e quando Fernando e Anderson teriam de entrar para a equipa principal, tirou o melhor rendimento de Lucho, Lisandro, Fucile, Bosingwa, Bruno Alves, Meireles, Tarik e Quaresma e ainda teve tempo para ensinar Falcao e Hulk a perceberem como jogar na Europa e deu-lhes as bases que os “fizeram” como jogadores, como ambos já reconheceram em público várias vezes. Deu a cara pelo clube várias vezes, oferecendo o peito de frente para tanta ak-47 apontada para tantos e tantos jogadores durante os quatro anos que por cá passou. E teve pontos baixos também no percurso, com rumores de excessiva dependência dos capitães de equipa e alguma indisciplina no balneário, com filhos e enteados ao barulho – bocas nunca confirmadas – algo que se tornou incessante na especulação durante a última época, onde me ficaram na cabeça aquelas imagens humilhantes do nosso comportamento na final da Taça da Liga no Algarve. E houve escolhas de duvidosa qualidade, com nomes como Bolatti, Mariano, Stepanov, Benítez, Pelé, Lino e vários outros. Houve coisas boas e más, com as primeiras a ultrapassar claramente as segundas.
Vai ser estranho vê-lo do outro lado. Foram quatro anos com ele à frente do barco e a mudança para um homem como Villas-Boas foi pedida por muitos para que a equipa pudesse ter uma renovação, na altura era tão necessária e que se verificou que foi mais uma decisão ajuizada de Pinto da Costa (mesmo não mudando muitos jogadores, mudou a motivação e mudaram os métodos, abanou-se e bem a estrutura), não creio que Jesualdo tenha a mesma protecção em Alvalade que teve no Dragão. Houve confiança no seu trabalho durante vários anos durante os quais atravessou, como era natural, alguns períodos menos bons como no Inverno de 2008 em que foi muito contestado e poderia ter sido atirado à turba como sacrifício, mas sempre teve o apoio que necessitava para continuar o trabalho. Como Vitor Pereira no ano passado é um exemplo paradigmático desta paciência que não é fácil mas se torna obrigatória, temo que no Sporting não haja esse tipo de filosofia de aposta a longo prazo.
Que é como quem diz: Depois de Málaga e Atenas, Jesualdo, amigo, mais uma vez aí ninguém vai estar contigo.
Se há alguém que os tenha no lugar é este. Pelos vistos acredita que há ali ainda futuro. E, é bom para o futebol português no geral e para o Porto em particular, que o campeonato não fique a dois… é bom que o dérbi lisboeta possa ter outro vencedor que não a equipe dos melhores da rua e arredores…
Se o JF não está no nosso clube , é porque não pode. Gostar, com certeza gostaria. É a vida.
Parece que depois de uma passagem pela Grécia em crise, qualquer um é capaz de sobreviver até ao zbording…
PS: o jogo da taça da liga no algarve, foi um pesadelo – já na altura achei que o prof. foi o menos “culpado”- ficou sem o varela no dia antes – naquela altura o candidato a capucho ainda jogava bem – naquele ano de todas as incidências tunelescas – e não teve culpa da estupidez de alguns jogadores, como de um tal que se dizia capitão… e o prof. lamentou-se? não. aceitou as balas…
O JF nunca foi um treinador que me encheu as medidas,chegava muitas vezes ao final dos jogos com aquela sensação de barriga ‘vazia’ e fiquei ‘aliviado’ com a sua saída do Porto, porque na altura, era claro que o seu ciclo terminara ao leme da nossa equipa. É óbvio que por vontade dos sócios e simpatizantes ele teria saído bem mais cedo, e só a preseverança de Pinto da Costa, e ainda bem, o manteve no lugar durante tanto tempo.
Concordo contigo Jorge, reconhecendo ao professor enormes méritos na formação e evolução de jogadores e na frontalidade com que enfrentava os ‘ataques’ da nossa pseudo imprensa.
Tal como o Inácio ainda não percebi qual será a função dele no Sporting e não sei como vai funcionar a relação dele com o Belga.
Para os lados de Alvalade a situação é tão crítica que a margem de manobra de JF vai ser mínima, ao primeiro deslize a cabeça dele vai rolar. De quem já despachou Domingos, Sá Pinto, o treinador da equipa B, Oceano, e tem um Belga desconhecedor do futebol Português à frente da equipa, tudo se pode esperar. O Godinho anda claramente às alpapadelas…