Estas foram as duas últimas análises ao trabalho de Maicon que mereceram destaque aqui no Porta19:
“Simples. Prático. Eficaz. Dominador. Controlador. Marcador. Vitorioso. Nosso. Maicon está a ser uma excelente surpresa não só pela qualidade de passe e pelo controlo emocional durante o jogo (juro que se fosse eu que tivesse tido o Gaitan com a cabeça colada à minha tinha-lhe dado uma cornada de tal força que o mandava procurar o nariz na nuca), mas principalmente pela evolução que tem vindo a mostrar. “É o próximo senhor trinta milhões”, disse-me o meu amigo ao lado. Não sei. Mas que está nitidamente a crescer como jogador, não tenho dúvida.”
Baías e Baronis – SL Benfica 2 vs 3 FC Porto, 2/Março/2012
“Foi o melhor em campo com alguma margem de distância para os colegas. Sóbrio na defesa, rápido na intercepção e forte no contacto físico com a bisarma que veio da Feira para a relva do Dragão. Acaba por ser notável perceber que Maicon parece mais inteligente que Rolando quando tem a bola nos pés, é mais preciso nos passes longos e joga com uma aparente calma que deveria contagiar os colegas e impedir a estupidez em que muitos insistem em mostrar a toda a gente. O golo (que eu adivinhei num momento de raríssima presciência) acabou por mostrar que Maicon é sem dúvida o homem mais perigoso do FC Porto nas bolas aéreas, mais até que Janko.”
Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Feirense, 27/Fevereiro/2012
Agora reparem o que o mesmo cronista (eu) falou sobre Maicon há dois anos:
“Meu Deus. Como é possível aquela falha no segundo golo?! Como disse no jogo contra o Estoril, Maicon é lento demais e acaba por ser ainda pior vê-lo a correr ao lado de um avançado qualquer que lhe passa à frente. Fraco.”
Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 2 Olhanense, 6/Março/2010
“É lento demais, passa a bola com força a mais e é sempre um susto quando a bola vai para perto dele e tem um adversário a pressionar. Eu que sou do tempo de ver jogar o Alejandro Díaz, digo: não serve.”
Baías e Baronis – Estoril 0 vs 2 FC Porto, 25/Janeiro/2010
“Maicon é muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito leeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeento…em demasia para uma equipa como a nossa, que já não tem jogadores muito rápidos no centro do terreno. Ou ganha ritmo e velocidade ou não pode ser opção.”
Apesar de gostar de acreditar que a forma de ver as coisas vai mudando ao longo do tempo e eu como frequente visitante do Estádio do Dragão e habituado a ver os jogadores em campo já tenho alguma bagagem que me permite ser correcto nas análises e tento sempre manter uma visão fria e analítica no que escrevo. Mas é inegável que no caso deste rapaz as circunstâncias foram-se alterando ao longo do tempo de uma forma notória e inesperada. Maicon é hoje em dia melhor jogador que era quando cá chegou.
Não sou capaz de apostar em qual dos treinadores terá tido o maior efeito na evolução de Maicon. Em três épocas e três treinadores diferentes, Maicon passou por diversas situações de treino e preparação física e táctica, arrancando com Jesualdo, passando por Villas-Boas e continuando agora com Vitor Pereira, o brasileiro foi continuamente escolhido como alternativa a Bruno Alves ao lado de Rolando, titularizado ao lado de Otamendi e Rolando no ano passado e este ano como titular no centro da defesa e com uma passagem longa pela lateral direita. Nunca o ouvi a reclamar mais oportunidades, a protestar por ser utilizado numa posição fora do habitual, levou continuamente com pancadas morais intensas, assobiadelas monumentais dos próprios adeptos, críticas e mais críticas por tantos oh tantos colunistas notáveis que fizeram dele um dos alvos da injúria pública. Também eu o critiquei bastante pelas exibições menos conseguidas, tanto no passado como na actualidade, pela aparente inadaptação ao flanco. De Maicon, nem um pio.
Nesta temporada têm-se verificado um crescimento no jogador que tanto gostamos de detestar. Maicon continua a não ser um lateral-direito e nunca vai render o que esperamos de um “natural” naquela posição, mas faz o que lhe pedem com o máximo de afinco e o mínimo de estardalhaço. Seguro na defesa e trabalhador na construção de jogo, é evidente que rende mais no centro mas o que é ainda mais óbvio acaba por ser a evolução na forma de jogar. Está mais prático, inventa menos e cria menos problemas aos colegas. É jogador de “chuta pró ar”, um pouco à imagem de Jorge Costa, mas sabe quando pode controlar a bola e quando a deve enviar para a frente. Tecnicamente superior a Rolando, largamente superior nos passes longos e responsável já por vários golos este ano, alguns deles vitais – e nenhum mais que este último na Luz. Fora-de-jogo, é um facto, mas ainda assim apareceu lá para cabecear e dar a vitória ao FC Porto depois de mais uma excelente exibição – Maicon é hoje em dia titular de pleno direito no FC Porto, especialmente numa altura em que Danilo está lesionado e Sapunaru continua sem merecer a confiança plena de Vitor Pereira. Numa altura em que pedimos esforço dos jogadores, ambição e espírito de sacrifício, poucos como Maicon estão a dar tudo o que tem em campo para que a equipa saia vitoriosa de todos os terrenos. Não é brilhante, talvez nunca o será, mas é um jogador importante em várias situações de jogo quando precisamos de alma e de força na zona recuada.
É também uma lição para todos os adeptos: nem sempre o que parece mau o é. Às vezes temos de reconhecer o mérito naqueles que acreditam nas qualidades de um jogador porque trabalham com ele todos os dias ao contrário de nós que só os vemos uma vez por semana.
Bravo! Não teria dito melhor.
De facto, e felizmente, há uns jogadores que aparecem de vez em quando no nosso clube que parecem maus, chamamos-lhes de tudo e depois fazem-nos enfiar a viola no saco e reconhecer que nós é que não temos olho para a coisa. Tomara é que todos os “maus” nos provassem que estávamos errados como o Maicon.
Cumprimentos Azuis&Brancos do Monte da Caparica
Pois é! Maicon parece estar a fazer a mesma trajectória de outros excelentes centrais que passaram no FC Porto. Mal-amado, de início, por culpa própria, diga-se em abono da verdade, como aliás o atleta humildemente reconheceu, tem vindo a merecer as críticas positivas que tu e outros portistas lhe têm dirigido.
Espero francamente que continue a evoluir para render os tais 30 milhões sugeridos. Entretanto, outros virão, serão criticados pelas aselhices e naturalmente elogiados pelos acertos.
Será tão fatal como o destino!
Um abraço
Espero para o ano estar também a fazer um mea culpa sobre o Kléber como fui felizmente obrigado a fazer com o Maicon.
Acima de tudo nota-se raça e vontade no homem. Parecia o Jorge Costa a cada corte que fazia a gritar de alegria.
“Não sou capaz de apostar em qual dos treinadores terá tido o maior efeito na evolução de Maicon”
Pois eu até era capaz de apostar que a forma de trabalhar os jogadores foi mantida – estou a fazer um pressuposto sem dados nenhuns – mas acho que a escola existe, e que é uma escola que tem sido polida pela passagem de certos treinadores, e neste caso da formação muito polida pelo prof. Jesualdo…
Acho que isso é que é o grande trunfo da estrutura
“Não é brilhante, talvez nunca o será,”
Ó pá, e eu e tu, somos?…
eu não sou mas tu estás perto ;)
Jorge
hahahahaha!