Estes são os resultados em partidas oficiais do FC Porto em jogos disputados naquele país do sul das ilhas britânicas. É uma batelada de derrotas com dois empates sofridos que conseguimos arrancar em Old Trafford, com o primeiro a aparecer aos 90+”sei lá quantos minutos porque já estava cego a ver o Costinha a marcar aquilo e o Mourinho aos saltos” e o segundo que talvez tenha sido das melhores oportunidades de vencer por aquelas bandas e que Bruno Alves se injustiçou como bandido, com uma assistência para Rooney melhor que a do Secretário ao Acosta em Alvalade.
Quero-me focar para lá das opções tácticas, dos catastrofismos anti-tudo, desde Vitor Pereira ao roupeiro passando pela SAD e pela relva do City of Manchester e tentar perceber o porquê de mais um mau resultado num conjunto de resultados absurdamente maus. E a verdade é que este rácio não se verifica quando jogamos contra equipas de outros campeonatos. Pronto, nunca ganhamos na Finlândia, Hungria, Croácia, Eslováquia, Sérvia, País de Gales ou Irlanda contra formações locais, mas todos esses jogos juntos não chega a 70% do número de jogos disputados em Inglaterra. Que raio se passa com as nossas equipas, muito antes do demonizado Vítor Pereira ter aparecido, para que não consigamos sair de lá com uma vitória?! Avanço quatro hipóteses:
É indesmentível que o nosso tipo de jogo é mais lento. É uma tradição, entranhada desde pequenos nas futeboladas entre a malta aos Domingos de manhã e incentivada pelos contentores de brasileiros que são importados e de qualidades tão diversas como a gaveta de cuecas da Lindsay Lohan. Confrontados com a velocidade de um tipo de jogo diferente do nosso, o habitual é ver os nossos jogadores a procurar trocar a bola ao ritmo deles, nunca o conseguindo. É verdade que lá de vez em quando conseguimos reunir um grupo de rapazes que têm a personalidade suficientemente forte para se manterem fiéis aos princípios de jogo que aplicam desde que ainda em cueiros começaram a chutar uma bola e conseguimos mandar no jogo, pausando-o, elevando o ritmo quando necessário e não caindo em esparrelas de grandes correrias. Mas é raro. E ainda por cima olhando para o quadro em cima podemos ver que as equipas que defrontamos nos últimos anos são uma espécie de miscelanização titânica do futebol inglês com o que de melhor há a nível continental, nada de “kick and rush” à 80s. Há futebol rápido mas com a componente técnica tão acima da média que se torna muito difícil contrariar em condições semelhantes. Como vimos na passada quarta-feira. Ou seja, é uma componente que joga contra nós.
Não tenho nenhuma dúvida que é algo a analisar mas creio que não terá grande interferência no resultado. Tantos jogos já fizemos em estádios onde os estupores dos adeptos contrários passam 90 minutos mais descontos a gritar para o relvado, a atirar foguetes, mísseis, rolos de papel higiénico em chamas, tudo que têm à mão para amedrontar os adversários…e ganhámos na mesma. Já apanhamos de tudo na Turquia ou na Grécia, para não dizer na Luz e em Alvalade, com menos violência física mas não menos verbal e nunca houve problemas em irmos jogar a esses estádios para ganhar e tantas vezes o fizemos que já perdi a conta. E os árbitros, por muito que possamos dizer que estão “contra nós”, é uma falácia, como de costume. Já fomos beneficiados e prejudicados em diversas situações, diversos estádios e diferentes épocas. É uma hipótese teórica e miserabilista e por isso não conta.
Somos mais pequenos, mais fracos, mais débeis? Somos. Fazemos por isso? Também. Vezes sem conta vejo jogadores do FC Porto a encolherem-se contra adversários mais fortes, viris, rijos, e caindo por terra entre clamores de faltas inexistentes acabamos por cair direitinho no jogo deles. As arbitragens não ajudam, tão sequiosas estão por manter o nome do futebol inglês como um jogo para homens e não para meninas, “levanta-te porque não marco faltinhas” e lá vai o Hulk para o chão. Ainda por cima há a tendência tão estúpida como infrutífera de nos tentarmos equiparar ao adversário e batê-los aos pontos…literalmente, porque se há algo que ainda não conseguimos fazer desde que comecei a ver futebol é usar o corpo de uma forma que as faltas sejam cometidas nos sítios certos e nas alturas adequadas. Talvez a equipa de Mourinho tenha sido a melhor nesse aspecto, ou Jesualdo em 2007/08, mas é muito difícil evitar os carrinhos parvos em vez das cargas de ombro, os braços permanentemente esticados nas disputas de bolas aéreas ou os puxões nas camisolas que são tão ostensivamente visíveis para os árbitros. Como mudar? Não se muda. Tenta-se dar a volta com personalidade, inteligência e astúcia, pondo o adversário a correr atrás da bola enquanto passamos de um lado para o outro e aproveitamos a nossa teórica superioridade técnica. Teórica, entenda-se. É importante, mas não vital.
Aqui é que a suína transforma a protuberância traseira numa rosca. Os jogadores intimidam-se facilmente, perdem o fio de jogo, a teoria que deveria estar tão entranhada nas cabeças que não conseguiriam pensar em mais nada durante a partida. Temos de entrar em campo com lições bem estudadas porque estamos permanentemente a enfrentar equipas que podem não ter orçamentos pontuais de 100M€ para compra, venda e reinvestimento permanente, mas que aplicam esses níveis monetários todos os anos em jogadores que decidem jogos sem ter sequer de pensar no que estão a fazer. Não podemos nunca entrar em campo como fizemos em Londres contra o Arsenal em 2008 e 2010 ou em Old Trafford em 1997. O medo era visível nos olhos, o terror patente na atitude e o acabrunhamento era notório na incapacidade de jogar “à Porto”. Aquelas mesmas equipas que uma ou duas semanas antes tinham vencido adversários de nome feito e com boas formações…entram em campo para perder por poucos. É uma verdade que sinto na pele sempre que nos calha em sorte ir à ilha jogar à bola.
Mudança de hábitos e mentalidades exigem-se. Vitor Pereira é só mais um numa longa lista de técnicos que levaram no focinho como gente grande quando apareceram na terra dos bifes para disputar uma partida. Carlos Alberto Silva, António Oliveira, Fernando Santos, Victor Fernandez, Jesualdo Ferreira. Só um não foi campeão em Portugal. E todos eles saíram de Inglaterra com o rabo quente. Dá que pensar.
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factor 5 – jogamos sempre contra as grande equipas desse país. United, liverpool, arsenal, chelsea e agora o petropoderoso city.
e quase sempre na finest hour dessas equipas.
Gostei do factor 5 introduzido pelo pedroto… quanto à capacidade física, tem uma coisa importante. O Hulk pode protestar e fazer-se ao tombo, mas a verdade é que se aqui em Portugal derubá-lo, é coisa para Javi Garcia, lá é coisa para todos. Os gajos não só são grandes, como são brutos. Muitos daqueles jogadores, se jogarem pelas equipes nacionais dos seus países, são castigados quando entram à bruta; na Inglaterra são perdoados. – é fácil o pessoal mandar bocas, mas os gajos é que lá estão dentro a apanhar porrada. O Hulk levou um pisão de dois pés do D. Silva, que me arrepiou!
bem, enfim, nada disso aconteceu no caso do arsenal ou do manchester na copiosa derrota no tempo do oliveira/cantona.
Eu acho que o principal factor é o tal de killer-instinct !
Não temos. Não somos maus. Até quando somos.
E, nesse aspeto, os gajos não brincam em serviço. E, quem joga lá tem de ir pelo mesmo caminho. (Aí, vejo dificuldades sérias para o Libras, tb. O mestre, é mau. Mau como as cobras. Não lhe custou triunfar lá. Já o discípulo, é manso.)
Só vamos conseguir ganhar lá, no dia em que entrarem em campo 11 paulinhos, com técnica de 6 james, velocidade de 3 hulks, manhosice de 2 micaeis, e cumprimento de instruções de 11 fernandos, e com um Quaresma no banco…
PS: Acho que é: these fuckers
depende da maneira como vês. eles estão lá. those fuckers.
gosto de manter as distâncias :)
compreendi! então, these porque são os que abaixo estão listados; those porque são aqueles gajos ingleses lá ao fundo na ilha deles…
correctamundo ;)
Ahhh, isto é muito difícil… ter de reflectir sobre as coisas…
Nã, prefiro a outra escola: A CULPA É DO VÍTOR PEREIRA!!!!!
ahahaha Excelente!!!
A análise é pertinente e concordo na íntegra, mas não consigo evitar uma outra pergunta (para a qual não tenho resposta): porque é que a selecção portuguesa, à qual se aplicam muitas dos pressupostos aplicáveis ao FCP, ganha quase sempre à selecção inglesa?
talvez porque, na sua generalidade, o jogador inglês e a sua escola de formação deixa muito a desejar…
existem naturalmente excepções, mas as equipas inglesas de topo estão sistematicamente carregadas de estrangeiros que fazem a diferença!
acho que se podia estar dias a falar nisto…e não chegar a uma conclusão…faz-me lembrar a incapacidade do Benfica ganhar na Alemanha, durante anos ia vendo meu clube perder lá nas terras dos kaisers e ia pensando que nem queria igualar os vossos 5 ao Werder, queria só ganhar…os rapazes fizeram-me a vontade, finalmente, o ano passado….
e os meus parabéns, já era tempo. só faltamos nós. este ano tivemos muito azar, se nos calhasse o Stoke no sorteio se calhar íamos agora arrumar o Sporting. meh.
abraço,
Jorge
:)
Abraço, bom fds.
M.
Pois, mas apanharam uma equipa que não é das melhores da Alemanha, o FCP quando joga com os ingleses nunca apanha um birmingham ou um west ham, ou aston villa, joga sempre com o Man Utd, Arsenal, Liverpool, Chelsea e agora Man City…
ola Jorge olha em 1creio que e mentalidade tuga conforme a seleccao nao ganha aos italianos e franceses 2porque do outro lado estao bons jogadores 3porque ha muito tempo que abandonamos o nosso estilo de jogo que criamos o Porto e a equipa que desenvolveu o futebol moderno 4porque os que estao do outro lado esforcance sabe que do outro lado esta uma equipa que eles querem ganhar 5acho que as vezes nao e so perder e perder por uma diferenca acentuada tipo ate o jogo com o united as equipas inglesas nao tinham ganho no porto agora ja vao 3derrotas mas de tudo isto o que eu penso que mais importante e o estilo de jogo e a vontade conforme o Boavista a os anos atras ser a equipa tuga que nais trabalho dava aos italianos a famosa equipa da camisolas estranhas que deixou o inter fora da uefa que tinha ganho epoca anterior aparte final as equipas inglesas ja a muito que nao estava tao fracas conforme o resultado do ajax em manchester portanto sem areia pos olhos o resultado quarta e vergonhoso
O City tem uns quantos armarios, mas o Arsenal e uma equipa franzina e tambem nos deu 4. Acho que a maior diferenca (alem da qualidade tecnica de jogadores escolhidos a dedo por clubes com maior disponibilidade financeira) e o nivel competitivo da liga inglesa.
Os jogadores que jogam em Inglaterra estam preparados para jogar e habituados a jogar a uma intensidade muito elevada durante 90 minutos 1 ou 2 vezes por semana. Ao contrario, na liga portuguesa engonha-se um bocado e quando a intensidade aumenta, a velocidade e maior, temos menos tempo na bola, os encostos sao mais fortes, vemo-nos um bocado a rasca.
Na Europa League as equipas inglesas de topo podem dar-se ao luxo de jogar menos intensivamene do que na Premier. Alias o Manchester United ia-se dando mal por ter levado esse dia de “descanso” um pouco longe demais.
Quando jogarmos contra equipas inglesas temos de estar preparados para niveis de intensidade muito elevados desde o primeiro segundo de jogo, nao ha aquecimento dentro de campo ou fase de adaptacao, e o Otamendi nao estava preparado contra o City, assim como o Fucile nao estava preparado contra o Arsenal.
tipo eu acho que o fucile estava e bastante desgastado porque foi no castigo sapunaru mas se veres a tua tabela o Porto passou a enfrentar mais as equipas inglesas desde de que passou a outro sistema tactico o que nao deve ser por causa disso estas a a selecao portuguesa em 4 3 3 tira o cr7 e o nani bota o varela e o quaresma para ver se intensidade atacantre e a mesma abracos
vamos ver as2ultimas vitorias do benfica foi contra o liverp e o benfica jogava 4 2 3 1 frente o evert o benf jogava em4 1 3 2 as2vezes que o porto nao perdeu estava no 4 3 3 mas o united achou que eramos tonho e jogou no domingo e na terca para a champi no2 jogo anteciparam para sabado e jogaram na quarta e anterior foi no nosso estilo classico 4 2 1 2 1que nao perdou a direcao da sad termos abandonado o nosso estilo de jogar por explempo o barca joga um sistema muito parecido com o sistema que levou o porto o auge(diferente)na frente sem alguem fixo
Antes íamos derrotados quando atravessávamos a ponte, agora vamos derrotados quando entramos no avião para Inglaterra.
Sempre que as coisas começam a correr mal, os jogadores perdem-se. Contra o City honestamente até fiquei surpreendido por tão boa reacção na 1ª parte ao golo sofrido. Sinceramente quando vi o golo aos 20 segundos pensei que vinha aí um vendaval, mas afinal foi preciso muitos outros factores para isso no final do jogo acontecer.
Falta essencialmente confiança e poder físico. Estas goleadas também têm muito a ver com o estilo de futebol inglês que mesmo a ganhar por 2 quer sempre marcar mais.
A diferença acho que é mesmo esse ultimo ponto Jorge. A intensidade e competitividade da PL é completamente diferente da nossa liga. O choque é gigante porque para eles é mais um jogo, e para nós, portugueses, é uma batalha como acontecem poucas.
A culpa ai é de todos. O Rame rame de muitos jogos em Portugal tem de ser combatido para que a diferença vá sendo cada vez menor.
Outro ponto que falaste, que tem a ver com a mentalidade da nossa liga é de extrema importãncia. Aqui.. qualquer encosto é falta, cartão amarelo e quase sumaríssimo. Por aqueles lados… é um lance perfeitamente normal. Temos de combater isso, todos.
Caso contrário as diferenças vão sempre ser grandes.
Grande blog.
Abraço,
Miguel P. (Centro de Jogo)
Miguel P., permite opinião…
Benfica tem ganho, empatado e perdido em Inglaterra e joga na mesma liga o FCP..acho que é mesmo uma mescla de mentalização, timming das equipas e ocaso.
Ainda acima falei da situação alemã e do Benfica..
abraço,
M.
M.
E tambem o Porto ja ganhou a equipas inglesas. A falta de competitividade dos jogos da nossa liga, nao justifica por si so os fracos resultados mas e um factor importante, especialmente se a isso juntarmos as diferencas de qualidade dos planteis, e talvez o facto de terem um treinador que consegue aliar a intensidade inglesa ao pragmatismo italiano.
Na minha opinião a patente inferioridade física e técnica, estilo de jogo diferente são factores importantes mas não essenciais. Concordo com a tua análise quando dizes que a porca torce o rabo na questão da mentalidade. A mentalidade é uma questão estrutural. E, é um factor determinante na capacidade de concentração, da intensidade de jogo, na capacidade de implementar uma estratégia, entre outros factores cruciais para ter sucesso quando se rivaliza com os melhores. O contexto do FC Porto é, para além das condicionantes sociais e culturais portuguesas, participar numa liga com níveis de competitividade e intensidade muito baixos. Não é expectável que uma equipa que passa grandes períodos de tempo a jogar contra o Setúbal, o Leiria, o Paços de Ferreira, etc., e muitas vezes com pausas de 2 semanas, consiga defrontar equipas como o City e bater-se de igual para igual. Não estou a menosprezar as equipas do nosso campeonato, mas quero com isto dizer que a mentalidade constrói-se na exigência da rotina, no dia-a-dia, semana após semana, e isso prepara-nos para os grandes duelos. As equipas de topo, para além de investimentos megalómanos, treinam, jogam e lutam como se não houvesse amanhã e fazem-no diariamente porque todos os seus concorrentes actuam da mesma forma.
Isto faz mais sentido quando vemos jogadores que jogavam em Portugal, mudarem de contexto e começarem a ter a destreza competitiva, ritmo e intensidade dos melhores. Portanto, a mentalidade incutida, o contexto, a circunstancialidade são determinantes para a prestação individual e de equipa.
Por isso quando vejo treinadores de futebol dizerem que as pausas são benéficas, as 2 a 3 semanas no Natal, as pausas para a taça da liga, transparecer que jogar à quarta feira entre jogos da liga são tarefas herculianas, dexam-me estupefacto.
Enquanto não nos mentalizarmos que a nossa liguinha tem de perder o diminutivo sensível e carinhoso e tornar-se uma competição séria com um elevado ritmo competitivo, realizar dois jogos por semana passar a ser o normal, ter dois jogadores por posição preparados para jogar qualquer jogo, não nos conseguiremos bater de igual para igual com estes fulanos.
A minha proposta, e que venho a defender à alguns anos, seria criar um liga elitista, mas que colocasse uma dezena de clubes portugueses a jogar ao mais alto nível: 10 equipas, 4 voltas, 36 jogos. Isto implicaria mais receitas (eu prefiro ir ver 2 Porto-Benfica do que um Porto-Benfica e um Porto-Feirense), mais competitividade, mais intensidade, a concentração e a exigência obrigatoriamente teriam de aumentar, ou seja, a mentalidade dos jogadores teria de mudar. A passividade do Setúbal-Porto da semana passada teria de ser algo raro ao invés se ser o padrão dos jogos da nossa liga actual. Isto teria uma consequência positiva nos jogos com os clubes de topo.
Enquanto não diminuirmos a diferença de exigência entre a nossa rotina e aquilo que fazemos de vez em quando menos preparados vamos estar para essas situações ocasionais.
ah, o teu velho cavalo de batalha! mas olha que a Liga vai completamente contra a tua ideia: http://www.lpfp.pt/Pages/ConselhodePresidenteseAssembleiaGeralExtraordin%C3%A1ria.aspx
pois é. em vez de 16 equipas/30 jogos, vamos ter 18 equipas/34 jogos de novo. power to the people dá nisto, meu amigo.
abraço,
Jorge
Do mal o menos. Prefiro 4 jogos do que 4 treinos :)