Alguém me explique qual é a necessidade tão lusitana de apenas fazer os grandes esforços na ponta final, quando o risco é alto e as consequências mais graves? Ao longo desta fase de qualificação, desde o empate contra o Chipre até à última derrota contra a Dinamarca, em nenhum jogo nos tínhamos exibido a um nível como fizemos hoje na Luz. Queiroz ou Bento, Bosingwa ou Pereira, Carvalho ou Pepe…tanta tinta correu, tanta lágrima foi derramada…para chegar ao dia de hoje e fazer uma exibição que teve tanto de genial como de tranquila, calma, sem aparente nervosismo nem periclitância. Vencemos bem e vamos ao Europeu com mérito. Notas abaixo:
(+) Ronaldo Foi o capitão que precisávamos na altura mais importante. Já na Bósnia tinha sido um dos melhores em campo, a par de Pepe, e hoje esteve impecável desde o início do jogo. Quando Ronaldo está bem e joga com gosto, com dinamismo e com algum espaço, é um jogador quase imparável e hoje foi um Ronaldo no seu melhor, pouco complicativo, a jogar prático, simples, interessado e produtivo. Fez dois grandes golos, uma excelente exibição e acima de tudo fomentou sempre a união entre jogadores e público.
(+) Miguel Veloso Está melhor, o badocha. Ocupou muito bem os espaços e conseguiu servir de tampão atrás de Moutinho e Meireles para anular os ataques frontais dos bósnios, mas nunca deixou de pensar o jogo e de rodar a bola para horizontalizar o jogo quando era preciso. (Que foi, só o Freitas Lobo é que pode usar estes termos? Também tenho direito!) Ainda por cima marcou um excelente golo de livre directo. Parece que viver e trabalhar nas terras de Colombo está a fazer bem ao gorduchinho e Portugal só tem a ganhar com isso, porque quando há necessidade de um jogo mais posicional e com posse de bola, Miguel Veloso é melhor escolha que Meireles. Só fica a perder quando precisarmos de dar pancada no meio-campo…porque aí ninguém ganha ao Pepe.
(+) Moutinho Um jogo muito acima da média exibicional que tem vindo a manter esta temporada no FC Porto, com passes a rasgar, luta no meio-campo, rotação de bola e acima de tudo a presença de um jogador que continuo a afirmar ser essencial tanto no clube como na selecção. Grande passe para o segundo golo de Ronaldo. Volta assim prá Invicta, rapaz!
(+) Agressividade defensiva À imagem do que tínhamos feito em Zenica, o jogo começou a ser ganho por Pepe e Bruno Alves, à força. As tácticas de strong-arm são aplicáveis em situações de perigo e nós fizemos exactamente o que era preciso. Espetar uma cotovelada na nuca do Dzeko é precisamente o que é necessário, ir ao contacto com tudo que é Pjanics e Misimovics, empurrá-los, saltar contra eles e neste caso devia valer tudo porque o prémio era alto. Porra, até podiam levar 50 mil cartazes do Milosevic para ver se os bósnios tremiam, carago! Gostei de ver e gostava de ter visto esta mentalidade no resto da qualificação.
(+) Golo de Nani Em duas palavras: espé tacular.
(-) Penalty de Coentrão Uma parvoíce. Não sei se o Fábio ainda está habituado à alcunha que ganhou aqui entre os não-benfiquistas, mas o salto com os braços no ar que “Caientrão” se lembrou de fazer dentro da área é incompreensível, independentemente da falta que lhe pode ou não ter sido feita. Já me tinha desabituado a ver o rapaz a saltar como um louco e a pedir faltas por qualquer coisinha que lhe acontecia, desde uma brisa mais forte ou a audácia do adversário em afastá-lo da luta pela bola com o ombro, mas algo naquele lance me fez regressar um ano ao passado. No resto do jogo esteve impecável, como de costume, a galgar a relva do flanco esquerdo como se estivesse atrás de um coelho com o tesouro de Sierra Madre, mas no lance do penalty baldou-se.
E pronto, lá vamos nós c’as malas todas pró leste. Seja na Polónia ou na Ucrânia que vamos acabar por jogar a primeira fase, é certo que vamos ter um Verão mais interessante com Portugal a jogar no Campeonato da Europa. Há razões para estarmos satisfeitos com a qualificação e hoje opto por não apelar ao cinismo e fazer aquele papel de parvinho ao dizer: “Força Selecção”. Até apoio o Paulo Bento, vejam lá…mas há e continuará a haver problemas que terão de ser resolvidos até chegarmos a Junho, porque este tipo de jogos nem sempre surgem e os níveis físicos e competitivos serão bem diferentes no arranque da competição e até lá temos muito tempo para observar, pensar e decidir pelas melhores escolhas. Ou no caso de Paulo Bento, pelas escolhas dele.
Durante o jogo vi-o muito mal, sempre aos soluços, mas depois vi-o em repetição. Concordo com os Futres e Folhas, com algumas pequenas distinções. O Coentrão foi muito trapalhão na defesa, e pode ter jogado com ímpeto no ataque, mas sempre sem grande sentido. Foi mau. Os centrais aqui não mencionados estiveram bem: Pepe e BA sempre em antecipação, bem como o trinco do brinco. Sobretudo bem esteve o meio campo daí para a frente: Meireles jogou muito, Moutinho também.
Os bósnios trocam bem a bola são perigosos mas ontem houve ali qualquer coisa que não engrenou. Provavelmente foi a sorte. Que um golo daqueles ao Nani, poucas vezes sai. E, dois golos ao Postiga menos ainda.
Não mencionei o Pereira, mas não vejo como ele pode ser alternativa a quem quer que seja, muto menos ao Bosingwa…
Enfim, o PB ganhou, vai ao europeu. Com as opções dele, como diz o Jorge.
Mas, ao ver-se o amigável entre Holanda e Alemanha (um jogaço), ele vai ter que estudar muito e refletir sobre muitas escolhas. Contra as grandes equipes os jogadores de portugal puxam pelos galões. Mas, para ganhar as “menos grandes” é preciso ter um futebol que portugal não tem, e, que se resume em consistencia exibicional!
Quanto ao Moutinho: assim regresse à invicta. Que nós necessitamos bem dele.
Considero que o Miguel Veloso não é uma alternativa válida para a posição de trinco.´
Continua a ser demasiado lento e aquela é uma zona do campo para um bombeiro, para alguém que corra desalmadamente a tapar os buracos deixados pelos companheiros.
Contra uma equipa fraca como a da Bósnia até se safa, mas se apanhar uma outra selecção com 2 ou 3 centro-campistas de qualidade o MV não tem hipótese.
Até poderia ser uma opção válida se trouxesse posse de bola e capacidade de transição à selecção, mas aquilo que o vi fazer foi tabelar constantemente com os centrais e muito raramente virar-se e pegar no jogo.
O Raúl Meireles não rende no lugar onde o P. Bento o colocou a jogar, para mim deveria ser o nosso trinco.
Precisamos é urgentemente de um construtor de jogo pelo meio… não nos safamos apenas se dependermos dos extremos para chegar à àrea.
Pois, Jorge, pelas melhores escolhas dele e que funcionem tão primorosamente como funcionaram neste mata-mata da Luz, tudo ou nada, pegar ou largar.
Gostava que Bento fizesse o beijo impossível do UnHate da Benetton com Carvalho e Bosingwa ou esta novela não acabará bem para ninguém.