Baías e Baronis – Olhanense 0 vs 0 FC Porto

 

retirada de desporto.sapo.pt

Começa a ser insuportável ver um jogo do FC Porto neste estado. Enquanto escrevo esta crónica, ao mesmo tempo olhei para o lado e na televisão surge a palavra “corrimento”. Sei que posso padecer de qualquer condição de demência, mas preferia ver uma representação gráfica desse conceito do que ver algumas repetições dos lances do jogo de hoje em Olhão. É deprimente perceber que os jogadores estão a lutar a metade (se tanto) do que podem fazer, com uma absurda quantidade de medo de falhar em quase todos os lances em que participam. Os passes são fracos, temerários, sem força, sem vida, sem garra. As jogadas são mal gizadas, trapalhonas e inconsequentes. E podia continuar aqui algumas horas a arranjar sinónimos negativos para a nossa exibição completamente sem chama e merecedora do empate. Siga para as notas:

 

(+) Fernando É difícil, como me sugeriram, encontrar um Baía que seja no jogo de hoje. Opto por Fernando, porque não tem culpa nenhuma que a grande maioria dos colegas estivesse à procura de uma rocha para se enfiar lá dentro e esperar que a má onda passe. Fernando esteve em todo o lado, a tapar os buracos e a recuperar as bolas em zona defensiva baixa, a cumprir mais que o seu papel a descer quando ambos os laterais (chamar lateral a Maicon pode ser exagerado, mas a verdade é que o rapaz não esteve assim tão mal) subiam para os lugares onde o treinador lhes manda estar. Fernando, juntamente com Rolando e, a espaços e apenas na segunda parte, Álvaro e Moutinho, foi dos menos maus.

 

(-) O ritmo do medo e a incapacidade de reagir a situações negativas Prefiro reunir os males num único Baroni, não me levem a mal. Não interessa nada ter a bola durante mais tempo, jogar no meio-campo do adversário, quando olhamos para James ou Hulk e vemos que não têm capacidade mental de furar, de rasgar uma defesa prática mas fraca. Os jogadores do FC Porto jogam a um ritmo medonho e com medo, com medo de tudo e de todos, com o temor que qualquer adversário lhes tire a bola, o que acaba por acontecer mais vezes do que devia. Vitor Pereira disse que os adeptos deviam esquecer o ano passado. Não posso, não consigo, não quero. São os mesmos rapazes que vi há alguns meses que estão ali em baixo e não precisava de ver a segunda parte contra o Villareal ou o cincazero ao Benfica. Só precisava de ver algum brilho nos olhos de James, alguma resistência ao choque de Hulk (sim, estou a falar a sério, Hulk foi ao chão várias vezes em luta contra adversários bem mais fracos mas com muito mais intensidade de jogo), algum tino de Belluschi nos passes e mais velocidade de Álvaro. Ver um grupo de jogadores talentosos a desperdiçar oportunidades consecutivas de brilhar e de mostrar que são os mesmos meninos que já me puseram rouco a gritar golo é frustrante. Perceber que são da minha equipa, ainda pior! E ter de estar a olhar para James e pensar na final da Taça, ver Moutinho e pensar na segunda mão da Taça na Luz, puxar por Hulk e sonhar com o cincazero…é muito difícil tentar entender o que se está a passar naquelas cabeças. Se o treinador não os consegue motivar a fazerem melhor, não conseguirão eles próprios levantar a cabeça?! Puxar ao orgulho, à honra, ao brio?! Porra, quando estou a jogar à bola com os meus amigos, do alto da minha quase total ausência de talento, não há nada que não faça (dentro da legalidade, entenda-se) para tentar ganhar um jogo! Tudo! É o exemplo mais fácil de todos mas é de tal maneira adequado que se torna tão irresistivelmente simples fazer o paralelismo. Para lá de todo este desterro, incomoda ver os jogadores a perder a bola e a demorar tempo demais a recuperar defensivamente, deixando a clareira aberta para contra-ataques adversários que só não aconteceram mais vezes porque a incapacidade técnica do Olhanense era evidente. Por isso é verdade que conseguimos ter a bola mais tempo. Até tivemos alguns remates. Poucos, mas alguns. E falhamos um penalty, que acontece e não é absolutamente censurável per se. Falhar um penalty contra o Olhanense é um acidente. Criar tão pouco em 88 minutos contra o Olhanense não é acidente nenhum. É inépcia.

(-) Meio-campo estático Vi a mesma jogada vezes demais: Mangala ou Rolando, com a bola nos pés, procuravam espaços no meio-campo adversário. Lá, pelo meio de vinte calções brancos e alguns azuis, não havia nesga por onde a bola podia passar em grande parte porque os nossos médios, numa movimentação lenta, pastosa, arrastada, sem intensidade nem destino marcado, faziam com que uma simples basculação lateral do Olhanense servisse para tapar a entrada. O central, tanto o luso como o francês, rodavam a bola para o lado ou paravam para entregar a Fernando, que procedia a recuar em posse…mas sem qualquer progressão. Foi enervante e durou “apenas” noventa e três minutos.

 

Et voilá, continuamos em primeiro lugar, pelo menos por mais um dia. Isolados, no less. Até podíamos estar quarenta pontos à frente, mas a qualidade de futebol apresentado não chega sequer a ser sofrível. É fraco, apesar da posse de bola, do domínio, do controlo ou da vitória nas estatísticas. A exibição que hoje estava à espera tinha de ser o total oposto desta. Os rapazes em campo tinham de comer relva, mostrar que tinham ficado indignados pela sua própria atitude em Chipre e dispostos a lutar contra Adamastores, Godzillas, Cloverfields ou qualquer tipo de bicho que lhes aparecesse à frente com um edredon e um molho de nabiças. Não vi e não sei quem culpar. Se eles, por não o fazerem. Se Vitor Pereira, por permitir que eles não o façam.

14 comentários

  1. Caro Jorge,

    Também não posso, não consigo e não quero.
    Foi muito mau.
    Melhores tempos virão, que pior é difícil.

    Abraço,
    PELIFE

  2. sabem o k vou fazer???

    acabei de sacar o fm2012 e vou ver se consigo ser campeao com esta equipa, sem comprar nenhum jogador, depois digo-vos o resultado.
    é k com este treinador este jogadores nao jogam, esperam k acabe o jogo.

  3. Bom dia,

    Ontem foi novamente mau demais para ser verdade.
    Mais uma péssima exibição. Mas pior que a exibição é a atitude da equipa.
    Um meio campo a jogar devagar, parado e paradinho, jogadores que a cada passe parece que atiram uma pedrada aos colegas, erros infantis, ineficácia no passe etc tudo isto são sinónimos do actual momento do FC Porto. É o completo desnorte.
    Algo tem de ser feito, caso contrário a época está em risco.
    Depois de um mau planeamento da época, agora infelizmente começa-se a colher os frutos.
    Não temos um avançado à altura dos pergaminhos do clube, deveríamos ter deixado sair alguns atletas, que a esta altura pelo seu descontentamento prejudicam o grupo e por último temos de voltar a apostar em malta da formação que encarne a mística do clube.
    Pela conversa de VP, o PC tem confiança nele … veremos até quando.
    Agora há uma paragem no campeonato que servirá para reflectir e levar os fracos de espírito à bruxa, igreja ou psicólogo.

    Fica mais uma noite de tristeza e nervosismo causado por uma equipa que esta ligada às máquinas.

    Abraço e bom domingo

    Paulo

  4. Já esperava mais ou menos isto.
    Seria muito difícil nesta fase que algo diferente acontecesse…
    Conclusão:
    Necessariamente os jogadores não estão com o VP. (Nem estão uns com os outros)
    Começo a acreditar que há um braço de ferro entre os jogadores e a direção.

    No final será como aquela definição de futebol: “uma equipe de cada lado e no final ganha a Alemanha!”…

    (ânimo, que a gente também vive bem, sem as vitórias no futebol!)

  5. Bom dia,

    melhores dias virão sem dúvida mas, será que a manter tudo na mesma, a continuarmos a tapar o sol com a peneira, não irá piorar ainda mais???

    Cumprimentos.

  6. Declarações de VP:

    “A equipa deu tudo, tentamos de todas as formas e do empenho dos jogadores não tenho nada a dizer que eles foram impecáveis!”

    Remates do Porto em direcção á baliza: 1, no Penalty do Hulk…

    É este tipo de treinador que precisamos?

    Discurso mentiroso, cego que nem uma porta, incapaz de meter peso no ataque com 2 pontas de lança e só faz trocas por trocas.

    Quando se fala do jogador X ou Y que não está em forma, eu pergunto de outra maneira… com VP no comando da equipa, temos algum jogador em forma?

    Resumindo, e ao contrário do que o VP diz, resultado justíssimo de um Olhanense a fazer o seu trabalho defenso, contra uma espécie de equipa vestida de azul e branco, a jogar uma coisa que alguns dizem que se assemelha a futebol.

    1. Caro João Gonçalves,

      Isso também me deixa doente. Quanto ainda cá estava o Falcão jogou várias vezes com ele e com o Kléber.
      E agora, por mais entalados que estejemos, não põe os 2 avançados. Porquê?

      Abraço,
      PELIFE

  7. E ainda acrescento Jorge…

    Não fazemos uma jogada em velocidade, um passe a rasgar para a corrida de alguem.

    Todo o nosso jogo se baseia em circular a bola de um lado ao outro e nada mais.

    Acabo de ver o Real e ali os alas quase não tocam na bola na rotação, mas sim estão sempre a fazer movimentos de rotura de ataque ao espaço, para que os jogadores que rodam a bola, possam meter um passe no espaço e toma velocidade que aqui vai disto.

    É assim tão difícil o VP meter a equipa a fazer o mesmo? E tão simples… roda, roda, roda… entra em velocidade sempre 1 ou 2 jogadores em posições distintas a solicitar o passe a rasgar.

    E agora alguém me diz que a culpa não é do treinador?

  8. se a equipa mostrasse pelo menos alguma vontade em mudar alguma coisa, deu-me mais a impressão de querem correr com o treinador…
    e que treinador… parece um qualquer miúdo de 15 anos a jogar Football Manager, rodar a equipa em todos os jogos teoricamente podia ter lógica se os jogadores fossem “bolinhas a deslizar no monitor” agora quando entra a realidade o Vitor tem de perceber que se quer criar rotinas tem pelo menos de existir um 10 base que altere com mais 2 jogadores. Otamendi encostou a box porque? o Mangala não é tosco mas cria instabilidade ainda é muito verde, na minha opinião precisamos de alguém que mande e no actual plantel só vejo o Otamendi com esse perfil.
    E porque tirar sempre o Fernando? Ha vacas sagradas no Porto?

  9. Está tudo dito, por isso só espero que o Vitor Pereira aproveite estes dias em que o campeonato vai estar parado para dar a volta a isto,eu ainda tenho alguma esperança,senão lá se vai a época pró maneta.PORTO SEMPRE!
    manuel moutinho

  10. Lá conseguiste sacar um Baía :)

    Às vezes vejo um jogo e penso “Será que eu vi bem??? Será que não temos ninguém na equipa que se destaque pela vontade de jogar? Ninguém que diga – dá-me a bola e vai para a frente -”

    Não me vou referir nem ao treinador, nem a ninguém a particular, acho que está tudo dito e visto, não é preciso qualquer testemunha de acusação, as provas estão disponíveis em qualquer jogo do Porto para serem apresentadas a quem as quiser visionar para formar uma sentença.

    É triste ver a nossa equipa sem capacidade para dar a volta a um Olhanense :(

    Um jogo que podia/deveria servir para remediar a imagem triste do nosso jogo em Chipre, só serviu para confirmar que este fado de morte lenta construído à base da nossa própria inépcia está aqui para ficar por mais algum tempo

    Faltam as palavras, resta a revolta, a revolta de ver um grupo de bons rapazes tão tristes por jogar futebol.

    Quantos jogadores neste momento não davam tudo o que tinham por uma oportunidade de jogar com a camisola do nosso clube? Imaginem o que sente um Júnior do Porto, com a sua camisa de sonho e cheio de vontade de mostrar o seu valor, ver um conjunto de rapazes a fazer aquela figura em campo com uma camisa igual à sua, deve ser, no mínimo, revoltante e triste.

    Fiquem bem Portistas, melhores tempos virão (só não sabemos é quando)

  11. Mais um jogo para esquecer tal a mediocridade patenteada ao longo dos noventa minutos. A história deste jogo conta-se pelo que o FC Porto não conseguiu fazer. Esta equipa transmite em cada minuto uma imagem deplorável e nada dignificante. Este Porto não tem alma, não tem raça, não tem identidade, não tem fio de jogo, não tem ambição, não tem arte e também não tem vergonha! Estes atletas não jogam futebol, empurram a bola desordenadamente, aos repelões, com muita atrapalhação. A bola estorva, ninguém tem a noção do que deve fazer. Esta é a real imagem deste conjunto de «matrecos» que nem correr conseguem. E mais não digo!

    Um abraço

  12. Começo seriamente a acreditar que os jogadores querem fazer a cama ao VP.
    Uma coisa é falta de confiança, outra é falta de vontade.
    O meio-campo passou o jogo todo parado e há um pormenor que a mim me chamou muito a atençaõ. Defour entra em campo, recebe a 1a bola, tem espaço para subir ou tentar um passe de ruptura e vira-se para trás e passa para os centrais.
    Há ali coisas muito estranhas! Acho que os jogadores são os principais culpados! Já vi no Porto exibições destas a serem recompensadas com uma corridinha no fim do jogo. Eu no FM teria multado meia equipa :)

  13. Foi constrangedor ver esta equipa a jogar.Desligada sem ritmo,parece que estamos em final de época.

    Este Porto faz me lembrar o José Mourinho no inicio da epoca 2003/2004, numa entrevista ele afirmou que não podia prometer titulos, sem primeiro, avaliar a forma como os jogadores iriam reagir ao sucesso da epoca anterior.

    Não percebo como neste momento o meio campo do porto não tem capacidade de aceleração do jogo, nem de colocar a bola nos avançados.

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