Parece complicado definir o estilo de Walter em campo. À vista desarmada, o homem assemelha-se a um pequeno planeta e estou convencido que ele tem o seu próprio puxão gravitacional. Aposto que se lhe atirarmos uma laranja, o citrino ficará a orbitá-lo a uma curta distância. A lentidão com que se mexe é assustadora e a força da inércia que sofre quando tenta uma movimentação contrária à que está no momento a desenvolver é uma prova mais que evidente da primeira Lei de Newton aplicada a jogadores da bola.
Não é a primeira vez que temos um ponta-de-lança como alternativa ao titular que insiste em não conseguir subir a um patamar exibicional que lhe permita abdicar da subalternização e passar a figura principal. Farías, Jankauskas, Mielcarski, Fehér (raios, até Quinzinho!), todos eles cederam perante a maior produtividade de homens que já estavam no clube ou por menor talento, excesso de lesões ou problemas pessoais. O argentino, por exemplo, chegado com grande pompa do River Plate, foi produtivo e marcou um bom número de golos mas nunca conseguiu destronar primeiro Lisandro e em seguida Falcao dos seus lugares no onze base; o lituano, apesar de útil em determinados momentos da temporada, foi sempre segunda escolha, Mielcarski andou quase sempre todo partido e nem cócegas fez a Jardel. O mesmo se aplica a Fehér, que seria mais tarde vendido ao Benfica. Todos eles eram nomes importantes no plantel pela possibilidade que tínhamos de reforçar a zona ofensiva em caso de ausência da primeira opção, mas tal como Walter, pareciam todos sofrer de qualquer maldita sina que os fazia sempre baixar na pecking order.
No entanto o brasileiro tem-me surpreendido nos últimos jogos. Walter parece querer mostrar mais, está com outra garra e um nível de esforço e movimentação que nunca antes lhe tinha visto fazer. Teremos luta pela titularidade? Vitor Pereira decide.
Caro Jorge,
De facto este é um caso estranho. Para mim é melhor do que qualquer um dos mencionados. O que não é de admirar pois foi um jogador caro (5M€? O dobro do Kléber e provavelmente o mesmo do que todos os avançados referidos).
Mas, ao mesmo tempo, não estou convencido. O peso a mais que tarda em desaparecer, o fraco domínio de bola, a falta de elegância (do jogo dele, não do próprio) e até o facto de não conseguir perceber qual a posição onde pode render mais.
A eficácia e o sentido de oportunidade têm sido promissores e é ainda um rapaz muito novo.
Tenho pena que não possa crescer na Champions. Já muito se falou, mas a mim parece-me incompreensível e inaceitável.
E se o Kléber tem uma lesão um pouco mais grave, com uns 2 meses de paragem? Lá temos o Hulk a ponta de lança no resto dos jogos importantes da fase de grupos. Nem parece nosso não ter havido ninguém da estrutura que explicasse a situação melhor ao VP.
Depois do incrível jogo com os cipriotas, só podemos estar preocupados. O jogo com o Nacional amenizou muito pouco o mau estar.
Mas, apesar das nuvens negras, há pontos positivos e animadores como o Defour, o Mangala (ainda não o vi fazer as borradas que os outros 3 centrais já foram fizeram), o Djalma (tem-me surpreendido e gosto da serenidade e auto-confiança do rapaz) e, claro, o Walter.
A ver vamos. Preocupados mas esperançados.
Abraço.
PELIFE
DEIXEM O WALTER JOGAR, PÁÁ!!!