No último jogo no Dragão a contar para a Liga Sagres, frente aos nossos velhos amigos de verde e branco, dei comigo a olhar para o banco dos suplentes e a pensar para com os meus metafóricos botões: “O Meireles está de rastos, o Hulk já não pode das pernas e o Mariano está a ser a nódoa do costume, é preciso tirá-los!”. E passada esta primeira análise mental aos onze que estavam em campo, comecei a pensar em alternativas. E suei para descobrir alguém que pudesse ajudar em vez de desfazer o que a equipa estava a criar.
No ano transacto o banco do FC Porto era composto, mais coisa menos coisa, por isto:
Nuno, Sapunaru, Stepanov, Guarín, Tomás Costa/Madrid, Mariano/Tarik e Farías.
Este ano, com algumas saídas e outras entradas, as sete opções de Jesualdo no banco seriam talvez:
Beto, Sapunaru/Miguel Lopes, Maicon, Guarín/Tomás Costa, Mariano/Valeri, Varela, Farías.
Isto pressupondo, obviamente, que todas as principais opções estariam em condições de jogar e que o onze titular seria composto pelos melhores jogadores que temos, e que Jesualdo os escolheria.É óbvio que são tudo exercícios de conjectura de um adepto, mas creio que não fujo muito de um modelo que tradicionalmente se adopta para um banco que ofereça alternativas para diversas situações de jogo, sejam elas lesões, expulsões, necessidades ofensivas ou defensivas consoante o teor da partida. Um banco em condições acaba por ser um refúgio para o treinador, o facto de saber que em qualquer altura pode transformar a equipa com a entrada de um jogador fresco e com capacidade de soltar ou reter a bola, de catapultar o jogo ofensivo da equipa ou de travar os intuitos contrários com maior posse de bola, enfim, aquelas teorias Gabrielalvianas que todos conhecemos.
Ora com as lesões que têm apoquentado a nossa equipa nos últimos tempos, o banco tem sido constituído por um painel de jogadores que em pouco tem ajudado o treinador. É verdade que Farías já marcou por duas vezes e Rodríguez e Falcao uma vez cada depois de sairem do banco. No entanto, não deixo de pensar que tirando a surpreendente influência de Guarín no miolo, muito devido à baixa forma de Meireles, o banco não oferece credibilidade a Jesualdo e por isso compreendo até um certo ponto a relutância do treinador em mudar alguma coisa com recurso a substituições.
O que espera o normal adepto de um jogador que venha do banco? A resposta parece evidente: que entre em campo, trinque relva e marque 4 golos de rajada, faça 2 assistências e 13 recuperações de bola, tudo nos primeiros 10 minutos. Descendo à terra, o mínimo que se espera é que cumpra o papel que estava a ser desempenhado pelo substituído e se possível que o melhore. Ora escalpelizemos (detesto este termo mas pareceu-me correcto utilizá-lo aqui) as opções que temos:
– Farías parece lógico que nunca será uma opção que colha grande apoio da massa associativa, já que não mostrou qualidade suficiente para ser titular, o que se espera de qualquer suplente, ainda que tenha jogadores melhores à frente. Entra e marca mas normalmente fá-lo quando o jogo já está decidido.
– Guarín é inconstante, tanto pode levantar a equipa, dando músculo e sentido prático, mas perdendo inteligência e posse de bola controlada.
– Tomás Costa é louco. Entra em campo com o espírito que mencionei…mas aplica-o sem medir consequências e sempre que está em campo fico com medo que possamos rapidamente passar a jogar com menos um jogador.
– Valeri ainda não mostrou o suficiente para ser titular, mas parece ter bom toque de bola e inteligência para controlar o jogo. É o oposto de Guarín, digamos.
– Mariano é como a Don Pasolini. É Mariano. Esforço acima da média, luta como nenhum…e pouco mais.
– Varela seria suplente com Falcao, Hulk e Rodríguez em condições e em boa forma. Este sim, parece-me ser a melhor hipótese que temos para uma boa alternativa a jogos lentos com equipas fechadas atrás, porque daria rapidez e capacidade de ruptura pelo flanco.
– Prediger…não sei, não sei mesmo. Pelo preço que custou já podia ter jogado um ou dois minutinhos, até lá reservo o direito de não me pronunciar. Tanto pode ser um Doriva como um Quintana, um Bolatti ou um André. Não sei e acho que poucos se podem gabar de o saber.
– Maicon, Sapunaru, Miguel Lopes, Nuno André Coelho. Qualquer um deles teria um papel eminentemente defensivo, mais num registo de manter resultado e evitar calafrios para o final do encontro.
Até Orlando Sá estar em condições, continuamos a não ter um avançado que possa jogar em força na área. Farías é um oportunista, tal como Falcao, mas o colombiano bate o argentino aos pontos na capacidade de domínio e posse de bola, é mais rápido, mais agressivo e mais concretizador. Quanto ao resto…é pouco. Talvez suficiente para uma equipa de consumo interno mas manifestamente pouco para a Champions’, como já se viu. Creio que na reabertura do mercado de transferências podemos ver a saída de um ou dois jogadores (Nuno André Coelho, Prediger e Farías colocam-se na dianteira) e quiçá a entrada de mais um ou dois mas até lá é o que temos. Até agora tem servido à justa, mas por quanto mais tempo irá servir?