Um jogo que se perspectivava fácil, tendo em conta o jogo de pré-época que tivemos contra os jovens de Matosinhos. Acabou por ser ainda melhor, com uma primeira-parte de luxo e uma segunda parte de gestão, calma e tranquila, apesar do golo sofrido que mostra mais uma vez que não se pode dormir na forma, mesmo contra equipas fracas como o Leixões. Vários pontos positivos e alguns negativos, escalpelizados abaixo:
BAÍAS
(+) O FC Porto soube tornar o jogo fácil a partir dos primeiros 10 minutos. Futebol rápido com boas trocas de bola, a jogar simples e a colocar a bola nas alas onde claramente o Leixões é uma miséria. Jogadas com entendimento acima da média, frescura mental e entre-ajuda nas desmarcações e coberturas defensivas fizeram com que a primeira-parte passasse rápido e colocou sorrisos na focinheira do Dragão, eu incluído.
(+) Quem era aquele número 12 de azul e branco? Costumava ver um rapaz a jogar com o mesmo número, mas esse não passava a bola a ninguém, fazia arranques fenomenais, tentava fintar tudo o que visse à frente e rematava sempre que via a baliza. Ontem, o super-herói passou a bola, jogava de cabeça levantada, integrava-se nas jogadas combinadas da equipa…e não abriu o pio quando sofria faltas, o que é extraordinário tendo em conta o passado recente. É um misto entre o antighulk e o novhulk que precisamos, um jogador explosivo mas calado, criativo mas eficiente. No fundo, brasileiro mas não-muito-brasileiro.
(+) Álvaro Pereira continua a consolidar a posição com muita facilidade. As subidas no terreno fazem dele essencial (um novo Bosingwa) na construção ofensiva e se melhorar um pouco na defesa, é candidato a um dos jogadores do ano.
(+) Falcao não é Farías e ontem provou-o de novo. A capacidade de domínio de bola, quando comparada com os tijolos dos pés do argentino, é bem acima da média, e funciona muito bem como uma versão mais jovem do Nuno Gomes, mas em homem. A parte que não liga muito bem ao Nuninho…é que este marca golos. Este ritmo é impossível de manter, mas por agora está bastante bem no ataque.
BARONIS
(-) O Leixões é fraquinho. Muito fraquinho. Não vi grandes pontos positivos para os bébés (que nome estúpido) e prevejo que vai andar a disputar os últimos lugares com o Setúbal e a Naval.
(-) Benítez. Como é que fomos alguma vez pensar que este fulano poderia ser titular no FC Porto é uma dissertação que deveríamos todos fazer, ao nível de “N’tsunda e Zwane: duas amebas?” e “Paulinho César, ou Ensaio sobre a Cegueira”.
(-) Ao intervalo, enquanto alguns no Dragão exultavam a primeira parte e ansiavam por bater os 8-1 do Benfica ao Setúbal, eu disse para o meu amigo: “Isto hoje muda aos 4 e acaba aos 4”. Acertei nos nossos, enganei-me nos deles porque ainda sofremos um. Compreendo a descompressão que é natural na estrutura mental das equipas de Jesualdo, afinal não têm nada a provar ao contrário dos encarnados, e acima de tudo com jogos frente a equipas como o Chelsea num espaço tão curto de tempo seria inútil andar a estourar as pernas já cansadas contra o Leixões pela fugaz glória de mais um ou dois golos. No entanto, a constante displicência especialmente da parte de jogadores-chave como Bruno Alves, não se pode admitir.
Foi um jogo de duas faces. A primeira, que teve a duração de cerca de 50 minutos (40 da primeira parte mais 10 da segunda) em que a equipa revelou ambição, classe, capacidade e eficácia.
A segunda, uma verdadeira seca.
Esta segunda face, tem a minha tolerância tendo em conta os contornos em que aconteceu (resultado volumoso, desgaste dos internacionais utilizados, necessidade de gerir o esforço face ao jogo próximo da Liga dos Campeões), mas que diabos, a um tetracampeão, mesmo em ritmo de treino, é exigível um nível de qualidade que respeite os espectadores que se deslocaram para o ver jogar.
Talvez um pormenor para o qual o plantel não seja sensível.
Enquanto houve futebol de bom recorte técnico o FC Porto demonstrou estar no bom caminho.
Este jogo deu para ver a consolidação na equipa de alguns dos novos jogadores, com destaque para Álvaro Pereira, Bellushi, Silvestre Varela e Falcão.
Veremos na próxima terça-feira se a equipa já está à altura dos jogos de maior exigência.
Um abraço